Wolfgang Schaeuble disse que ainda não está claro se o G20 terá um discurso unificado de apoio ao livre comércio e aos mercados abertos (Fabrizio Bensch/Reuters)
Reuters
Publicado em 16 de março de 2017 às 11h43.
Última atualização em 16 de março de 2017 às 11h45.
Berlim - A postura protecionista do novo governo dos Estados Unidos pode complicar as conversas do G20 nesta semana e obrigar as autoridades a deixarem de lado o polêmico debate comercial, disse o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schaeuble, em uma entrevista à Reuters.
Falando antes da reunião de ministros das Finanças e membros de bancos centrais do G20 na cidade alemã de Baden-Baden na sexta-feira e no sábado, Schaeuble disse que ainda não está claro se o G20 terá um discurso unificado de apoio ao livre comércio e aos mercados abertos.
"Existem visões diferentes sobre este assunto", disse Schaeuble, destacando as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de outras autoridades norte-americanassobre a "América em Primeiro Lugar".
"É possível que excluamos explicitamente o tópico do comércio em Baden-Baden e digamos que ele só pode ser resolvido na cúpula de líderes de Estado e de governo".
Um esboço inicial de comunicado da reunião do G20 sugeriu que os líderes financeiros mundiais podem não mais rejeitar de forma explícita o protecionismo, rompendo com uma tradição de uma década.
"Esta não é a solução ideal, mas não seria algo tão sério", disse Schaeuble a respeito da possibilidade de os membros do G20 não chegarem a um acordo sobre a questão comercial.
O comunicado final de Baden-Baden deve enviar a mensagem de que a cooperação internacional continua robusta em tempos de riscos geopolíticos crescentes, completou Schaeuble.
Ele disse acreditar que o G20 manterá a linguagem padrão, rejeitando a manipulação cambial. "Esta é a minha expectativa", disse Schaeuble.
O ministro disse que irá pedir a seu colega norte-americano, Steven Mnuchin, durante as conversas que terão em Berlim ainda nesta quinta-feira que explique quaisquer planos para reformar o sistema tributário dos EUA e privilegiar as exportações, não as importações, adotando um imposto de ajuste nas fronteiras.
Reagindo a críticas frequentes dos EUA ao grande superávit comercial da Alemanha, Schaeuble argumentou que o forte desempenho das exportações de seu país também é resultado da política monetária frouxa do Banco Central Europeu.
O ministro disse à Reuters que, se o euro se enfraquecer mais, isso provavelmente provocará aumento da inflação no bloco.