Economia

Milhares se manifestam em Tessalônica contra novos cortes

Sindicatos e partidos progressistas da oposição aproveitaram que hoje foi inaugurada a Feira Internacional de Comércio de Tessalônica para manifestar seu descontentamento


	Centro da cidade foi todo fechado ao trânsito e ocupado por cerca de 3.500 policiais para isolar a sede do evento internacional de outras manifestações
 (Yorgos Karahalis/Reuters)

Centro da cidade foi todo fechado ao trânsito e ocupado por cerca de 3.500 policiais para isolar a sede do evento internacional de outras manifestações (Yorgos Karahalis/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2012 às 16h40.

Atenas - Cerca de 20 mil pessoas protestaram neste sábado em Tessalônica, a segunda maior cidade da Grécia, contra os novos cortes que o governo conservador de Antonis Samaras planeja pôr em prática, informaram fontes policiais à Agência Efe.

Os sindicatos e partidos progressistas da oposição aproveitaram que hoje foi inaugurada a Feira Internacional de Comércio de Tessalônica para manifestar seu descontentamento.

O primeiro-ministro, que participou do evento, reiterou que o novo pacote de contenção no valor de 11,6 bilhões de euros exigido pelos membros europeus à Grécia será um dos 'últimos cortes dolorosos'.

O mandatário grego afirmou que 'não há outra via' além das novas medidas de austeridade - que afetarão a previdência e os salários de funcionários públicos, segundo as últimas informações à imprensa- e justificou sua necessidade dizendo que são imprescindíveis 'para que a Grécia recupere sua credibilidade'.

A manifestação principal, que reuniu cerca de 10 mil pessoas, foi liderada por GSEE e Adedy, as principais centrais sindicais dos setores privado e público, e pela esquerda do Syriza, o maior partido da oposição.

'A única certeza é que não se pode fazer política à base de mentiras', afirmou o líder do Syriza, Alexis Tsipras, que acusou Samaras de mentir, já que ganhou as eleições de junho com um programa de renegociação e suavização das medidas de austeridade.

Além disso, o líder opositor enviou uma mensagem ao governo: 'Muito em breve a maioria de nosso povo reagirá, nosso povo não pode ser coagido nem decepcionado por mais tempo'.

O centro da cidade foi todo fechado ao trânsito e ocupado por cerca de 3.500 policiais para isolar a sede do evento internacional de outras manifestações, já que o protesto sindical não foi o único de hoje.

Ao meio-dia local, cerca de 1.300 policiais, bombeiros e funcionários da Guarda Costeira também se manifestaram para exigir que seu salário não seja ainda mais reduzido.


'Nossa luta não terminará aqui. Ou apresentam uma solução para nossos problemas ou continuaremos a luta até o fim', advertiu Jristos Fotópulos, presidente do Poasy, o principal sindicato policial.

Enquanto GSEE e Adedy já estão negociando a data para uma nova greve geral, o líder do Poasy alegou que a greve policial 'não é desejável' embora reconheça que 'as medidas (de austeridade)' estão 'nos levando a isso'.

Em outros pontos de Tessalônica, aconteceram manifestações do Partido Comunista - cuja secretária-geral, Aleka Papariga, pediu a saída da Grécia da União Europeia -, de organizações anarquistas e antiautoritárias e, finalmente, de outras organizações sindicais, todas separadamente.

Amanhã, o ministro das Finanças, Yannis Sturnaras, se reunirá com os chefes de missão da troika (Comissão Europeia, BCE e FMI), que chegaram ontem à Grécia, para tratar das novas medidas de austeridade.

Samaras fará o mesmo com seus membros de coalizão, os social-democratas do Pasok e os centro-esquerdistas do Dimar, em uma nova tentativa de fechar o pacote de medidas.

Depende da troika o desembolso do próximo pacote de ajuda internacional para a Grécia, de cerca de 31 bilhões de euros, necessários para evitar a moratória do país mediterrâneo. 

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