Javier Milei, presidente eleito da Argentina ( Tomas Cuesta/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 20 de fevereiro de 2024 às 19h56.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2024 às 19h57.
O governo argentino fixou um aumento do salário mínimo de 30% no total entre fevereiro e março, informou o porta-voz da Presidência nesta terça-feira, 20, em meio a uma inflação de mais de 250% ao ano.
"Não foi possível que as partes chegassem a um acordo na discussão sobre o salário mínimo", disse o porta-voz Manuel Adorni, referindo-se ao fracasso na quinta-feira passada do Conselho do Salário Mínimo, composto pelo governo, pelas câmaras empresariais e pelos sindicatos, que pediam um aumento de 85%.
Neste contexto, acrescentou Adorni, "o governo deve arbitrar entre as partes e fixar um salário mínimo", algo que o presidente Javier Milei havia inicialmente rejeitado.
O valor foi estabelecido em 180.000 pesos para fevereiro (US$ 204 na taxa oficial de câmbio, ou R$ 1.007), o que representa um aumento de 15% em relação aos 156.000 pesos atuais, e 202.800 pesos para março (US$ 230, ou R$ 1.136), um aumento de 30% em relação ao valor atual.
Desde o último ajuste salarial em dezembro, a inflação foi de 25,5% naquele mês e de 20,6% em janeiro, totalizando uma inflação interanual de 254%.
O ajuste salarial ocorre em um momento de aumento da conflitividade na Argentina, onde a pobreza atinge 57% da população, segundo um estudo do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina (UCA) divulgado no último fim de semana.
Esta é a cifra mais alta de pobreza registrada por esta medição privada nos últimos 22 anos.
O sindicato ferroviário planeja uma greve nacional na quarta-feira, a federação dos trabalhadores da Saúde convocou outra greve na quinta-feira e quatro sindicatos de professores anunciaram medidas semelhantes para o início das aulas, entre a próxima semana e a seguinte.
O ministro da Economia, Luis Caputo, havia adiantado na segunda-feira à noite em uma entrevista televisiva que o governo iria fixar um aumento do salário mínimo.
A Confederação Geral do Trabalho (CGT), a maior central sindical da Argentina e de orientação opositora, acusou na quinta-feira o governo ultraliberal de Javier Milei de fazer fracassar o Conselho do Salário, "rompendo uma longa tradição de diálogo social tripartite".
"Não acredito que um político possa definir um preço à mão. Nem passa pela minha cabeça. Eu vou emitir um decreto fixando um preço?", havia dito Milei na sexta-feira sobre a fixação de um salário mínimo, após o fracasso da reunião.