Trump e México: para Fox, Trump enfrentou neste episódio "sua primeira derrota. Mas ele não digere derrotas, seu ego não o permite" (Tomas Bravo/Reuters)
AFP
Publicado em 27 de janeiro de 2017 às 17h57.
Os Estados Unidos tem 10 milhões de empregos para perder caso decida iniciar uma "guerra comercial" contra o México, mas os mexicanos estão "prontos" para essa possibilidade, disse nesta sexta-feira o ex-presidente Vicente Fox em entrevista a uma rede americana de TV.
O novo presidente americano Donald Trump "recuperou um espírito mexicano muito forte e estamos prontos para a guerra comercial, assim como estamos preparados para não pagar pelo muro" que ele quer construir na fronteira.
Fox disse não acreditar que Trump realmente queira iniciar um conflito comercial com o México, "porque os Estados Unidos têm muito a perder, começando por 10 milhões de empregos. O México é responsável por esses empregos pelo o que importa todo ano dos Estados Unidos".
O ex-presidente mexicano lembrou que seu país importa anualmente produtos dos Estados Unidos pelo valor de 250.000 milhões de dólares, e há toda uma rede produtiva que depende disso.
"São 10 milhões de empregos que (Trump) prometeu defender", disse.
Para Fox, a ideia mencionada na véspera de um tarifa de 20% às importações mexicanas para pagar pelo muro "não faz sentido", porque na verdade "quem pagará serão os consumidores americanos".
A decisão do presidente Enrique Peña Nieto de cancelar uma agendada visita a Washington foi "sábia", disse Fox.
"Acho que agora o senhor Trump se deu conta que não pode brincar com o México. Como nós dissemos, somos pequenininhos, mas atrevidos. Não importa a quantidade de dinheiro [para pagar pelo muro]. É uma questão de soberania, é um assunto altamente emocional no México", afirmou.
Para Fox, Trump enfrentou neste episódio "sua primeira derrota. Mas ele não digere derrotas, seu ego não o permite".
O ex-presidente decidiu que Peña Nieto poderá se beneficiar de toda a escalada de tensões. "Só sei que quando o presidente (Lázaro) Cárdenas nacionalizou o petróleo (em 1938), tirando-a de corporações americanas abusivas, se transformou no mais popular presidente do México", afirmou.
Fox se tornou um dos maiores críticos à construção do muro proposto por Trump. Em uma recente entrevista a um canal de televisão americano em espanhol disse: "Não vamos pagar por esse muro de merda".