Dinheiro: em relação ao Brasil, o diretor de qualificações da S&P lembrou que no início do ano esperavam crescimento do PIB de 3,2%, foi revisado depois em baixa para 2,5% (Andrew Harrer/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2013 às 16h37.
Nova York - A economia latino-americana evoluiu de maneira estável em 2013, mas fechará o ano com um crescimento abaixo do previsto inicialmente pela agência Standard & Poor"s, que atribuiu esse freio a um pior desempenho de México e Brasil.
"A região se desenvolveu de maneira relativamente estável ao longo do ano, mas em termos de PIB esperamos que feche 2013 na parte baixa de nossas expectativas", disse nesta quarta-feira o diretor de qualificações para a América Latina da S&P, Roberto Sifón-Arévalo.
Em entrevista coletiva telefônica, o analista da S&P atribuiu essa freada forte no conjunto da região ao fato de que Brasil e México, as maiores economias da América Latina, renderam abaixo do previsto durante a segunda metade do ano "de forma significativa".
"As duas economias representam dois terços do Produto Interno Bruto da América Latina, portanto se eles vão bem, a região tende a ir bem, mas quando vão mal, então também tendem a impactar negativamente", enfatizou Sifón-Arévalo.
Em qualquer caso, a agência de qualificação prevê que as coisas irão "ligeiramente melhor" durante 2014 na região, devido em parte a que os preços das matérias-primas se manterão nos mesmos níveis deste ano.
Mesmo assim, o analista da Standard & Poor"s advertiu para o impacto negativo que podem ter no desempenho da América Latina outros "fatores externos" como um possível crescimento da economia chinesa a menor ritmo que o esperado ou a política monetária dos Estados Unidos.
Em relação ao Brasil, o diretor de qualificações da S&P para a América Latina lembrou que no início do ano esperavam um crescimento do PIB de 3,2%, foi revisado depois em baixa para 2,5%, "e ficou ainda abaixo disso".
Sifón-Arevalo disse que para o próximo ano o panorama "não soa muito diferente", e ressaltou que as reformas que fazem falta no país "ainda não estão na agenda política", um assunto que, segundo advertiu, "está começando a impactar no PIB e no crédito".
No caso concreto do México, a agência de qualificação lembrou que no início de ano esperava que a economia desse país cresceria no conjunto de 2013 a um ritmo de 3%, mas agora preveem que encerrem o ano com cerca de 1,5%.
O especialista lembrou que neste ano o governo do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, enviou ao Congresso vários projetos de reformas estruturais pendentes, entre os quais destacou a fiscal e, sobretudo, a energética.
"A aprovação da reforma energética será importante, mas sua implementação será ainda mais", acrescentou Sifón-Arévalo, que se mostrou "otimista" para 2014 e disse que a agência acredita em um crescimento do PIB mexicano de 3,2%.
Perguntado pela situação na Argentina, o analista da S&P disse que o risco de uma moratória técnica continua sendo "alto", e lembrou que recentemente sua agência rebaixou a nota do país para "CCC+" e a situou em perspectiva negativa para uma possível nova degradação.
"Detectamos uma deterioração da maioria dos fundamentos macroeconômicos no país e o cenário que prevemos é bastante complicado", acrescentou Sifón-Arévalo, que mencionou entre outros a recente alta de impostos aos investimentos estrangeiros.
Em seu último relatório sobre a região apresentado em outubro, a Standard & Poor"s tinha previsto que a América Latina fecharia 2013 com um "crescimento sem brilho", enquanto para 2014 esperava uma "ligeira alta".