Economia

Metade dos brasileiros diz viver "de salário em salário"

72% dos brasileiros se dizem preocupados que alguém na sua casa vá perder o emprego no próximo ano, e 52% acham que ficou mais difícil fazer as contas fecharem

Consumidora no mercado (thinkstock)

Consumidora no mercado (thinkstock)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 7 de junho de 2016 às 07h00.

São Paulo - 49% dos brasileiros dizem viver "de salário em salário", de acordo com uma pesquisa recente da consultoria McKinsey com mil consumidores no país.

A parcela dos que concordam com a afirmação é grande (34%) até entre os de renda alta e chega aos 61% entre os de renda baixa.

Nos de renda média, 48% dizem viver sem nenhuma margem de segurança financeira, contra 42% na América do Sul e México e apenas 26% na média mundial.

O Brasil teve a pior confiança do consumidor entre os 26 países pesquisados: 8%, contra 14% entre os sul-americanos e mexicanos e 25% no mundo.

A confiança tem melhorado ligeiramente no Brasil nos últimos meses, mas continua bem abaixo da média histórica - seja entre consumidores ou no setor de indústria.

72% dos brasileiros se dizem preocupados que alguém na sua casa vá perder o emprego no próximo ano, e 52% acham que ficou mais difícil fazer as contas fecharem nos últimos 12 meses.

Este é um reflexo do processo de alta dos dois indicadores que compõe o "índice de infelicidade" de uma economia: o desemprego subiu para 11,2% no trimestre até abril e a inflação acumula 9,28% em 12 meses.

Desalavancagem

Mesmo uma alta na renda neste momento não teria grande impacto imediato. Segundo a McKinsey, os brasileiros dizem que se tivessem uma alta de 10% no salário, gastariam apenas um quarto disso - e em itens essenciais como comida e bebida.

Quase metade dos recursos iriam para a poupança e o resto serviria para pagar dívidas, confirmando uma correção forte no nível de consumo após anos de crescimento da renda e do crédito.

"O consumo das famílias responde por 60% do PIB e está em desalavancagem após um boom enorme. Agora é o momento de pagar as dívidas contraídas no passado - se não fosse por isso e pelo desemprego elevado, a recuperação econômica seria mais evidente", disse Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), após a divugação do PIB do 1º trimestre.

Hábitos de consumo

Três em cada quatro brasileiros estão procurando por formas de economizar e mais da metade está prestando mais atenção em preços (números bem próximos aos da América Latina).

Um estudo da dunnhumby no ano passado apontou que os brasileiros estão preferindo escolher embalagens menores ou uma marca de menor preço e qualidade para não precisar abrir mão da compra de alguns supérfluos. É o cliente "econômico extravagante"

Segundo a pesquisa da McKinsey, 19% dos consumidores diminuíram quantidades sem trocar de marca, enquanto um terço afirma manter comprando suas marcas preferidas mas pesquisam mais para encontrar o menor preço.

21% preferiram trocar para uma marca mais barata, especialmente em coisas como produtos de limpeza e água engarrafada. Dentro deste universo, 60% não pretendem voltar a comprar a marca mais cara.

Também há o grupo, ainda que menor, daqueles que estão substituindo marcas mais baratas por outras mais caras: eles são 5% dos brasileiros, contra 11% na média global.

15% dos consumidores brasiloeiros, por exemplo, fizeram um upgrade na marca de cerveja consumida, número que supera os 12% que fizeram downgrade.

Acompanhe tudo sobre:ConsumidoresConsumoeconomia-brasileiraEmpresasMcKinsey

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo