Dilma Rousseff: a política fiscal de 2015 deve ser apresentada com um "choque de realidade" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2014 às 09h15.
Brasília - O governo Dilma Rousseff já começa a buscar alternativas para se aproximar do mercado financeiro e recuperar a credibilidade perdida na política fiscal em caso de uma eventual reeleição. Uma saída que ganha força no governo, que já trabalha em "modo transição" para um novo cenário em 2015, é adotar um discurso inédito na área fiscal, diferente daquele adotado nos últimos três anos.
Em vez de uma meta fiscal ainda mais elevada que a deste ano, que novamente não será atingida, o governo pode anunciar ainda em 2014, logo após as eleições presidenciais, que o esforço fiscal no próximo ano será menor, na faixa de 1% a 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
A ideia em gestação é anunciar uma meta menor em 2015, e crescente a partir de 2016, conforme a economia brasileira volte a crescer a um ritmo mais elevado, próximo a 3%. Essa eventual nova meta para 2015 seria inferior à banda de 2% a 2,5% do PIB prevista pelo próprio governo na proposta de Orçamento para 2015, enviada há duas semanas ao Congresso Nacional.
Segundo duas fontes graduadas do Ministério da Fazenda, a política fiscal de 2015 deve ser apresentada com um "choque de realidade". O Estado apurou que os técnicos do Ministério da Fazenda já sabem que não será atingida a meta deste ano, de poupar 1,9% do PIB para o pagamento de juros da dívida pública. Será a terceira vez consecutiva que a meta fiscal apresentada e defendida pelo governo não será cumprida.
"Isso corrói a credibilidade da política econômica como um todo, sem que nada de grave esteja acontecendo", afirmou uma fonte do alto escalão da Fazenda, em referência à ausência de sinais de uma crise na dívida pública brasileira, mesmo com a deterioração fiscal dos últimos anos.
"Será uma meta menor, mas inquestionável. Será menor porque estamos com o PIB rodando a zero e não haverá receitas extraordinárias para 2015 na mesma proporção dos últimos dois anos", disse a fonte. E repetiu ao Estado, por quatro vezes, a mesma expressão: "É preciso ser realista para que todos confiem em você". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.