Economia

Meta da inflação pode ser reduzida em junho

Neste ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá ficar dentro da meta de inflação pela primeira vez desde 2009

Inflação: o CMN tem até junho para anunciar se reduzirá a meta de inflação para 2019 em relação aos 4,5 por cento válidos para este ano (Noel Hendrickson/Thinkstock)

Inflação: o CMN tem até junho para anunciar se reduzirá a meta de inflação para 2019 em relação aos 4,5 por cento válidos para este ano (Noel Hendrickson/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2017 às 17h31.

Última atualização em 22 de fevereiro de 2017 às 19h45.

Brasília - O fantasma da alta dos preços ainda assombra muitos brasileiros, mas em um momento em que o aumento do custo de vida está perdendo força, as autoridades do país questionam se a meta de inflação é dura o bastante.

Neste ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deverá ficar dentro da meta de inflação pela primeira vez desde 2009, levando políticos e investidores a se perguntarem se o Brasil não deveria aceitar uma meta mais ambiciosa para conter a inflação, em linha com as economias avançadas.

O Conselho Monetário Nacional (CMN) tem até junho para anunciar se reduzirá a meta de inflação para 2019 em relação aos 4,5 por cento válidos para este ano e o próximo.

Como os aumentos de preços anuais caíram praticamente pela metade em relação ao ano anterior e deverão diminuir para 4,43 por cento no fim do ano, o debate dentro do governo e do BC está bem encaminhado.

O Ministério da Fazenda preferiu não comentar esta reportagem e o BC afirmou que o CMN tomará uma decisão em junho.

Alberto Ramos, economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, diz que há mais trabalho a ser feito antes da alteração da meta.

“Não há motivo para uma volta olímpica. Foram dois anos e meio de uma brutal recessão, de proporções históricas, para levar a inflação para 4,5 por cento, que é um nível muito alto”, disse Ramos, em entrevista por telefone.

O Brasil precisa de mais avanços na consolidação fiscal para tornar mais confiável uma menor tolerância à inflação, acrescentou.

O governo do presidente Michel Temer avançou com parte de sua agenda de austeridade fiscal no ano passado com uma lei para limitar os aumentos dos gastos públicos.

Mas ainda precisa garantir a aprovação da reforma da Previdência no Congresso para reduzir os gastos com pensões e aposentadorias, um dos maiores itens do orçamento do governo.

Os céticos em relação a uma meta menor também apontam para os motores de inflação recorrentes da economia brasileira, como o crescimento salarial acima do produto interno bruto e o alto grau de indexação da economia, o que significa que itens como aluguel e eletricidade são automaticamente ajustados em linha com os aumentos dos preços.

Outra preocupação é que o BC carece de independência formal. Embora tenha uma autonomia nominal para fixar a taxa Selic, sua diretoria pode ser demitida pelo presidente da República a qualquer momento. Isso significa que não é apenas o novo governo eleito na eleição geral do ano que vem que pode discordar da nova meta de inflação, mas também a futura liderança do BC.

Postura mais ousada

Apesar dessas dúvidas, a atual desaceleração aguda da alta dos preços levou algumas pessoas a cobrarem mais ousadia do BC, em particular porque a atual diretoria da autoridade monetária goza de uma credibilidade maior que a de seus antecessores imediatos.

“Se você não fixa um objetivo, você não pode alcançá-lo.”, disse o senador Armando Monteiro, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria, em entrevista. “Está na hora de fazer um movimento mais ousado.”

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