Sede do Banco Central em Brasília: o mercado de juros, após a divulgação da ata, aumentaram as apostas de mais uma alta da Selic de 0,25 ponto percentual em abril (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2014 às 10h02.
São Paulo - A inflação, mesmo com os recentes sinais de arrefecimento, continua mostrando resistência e "ligeiramente acima" do esperado e, assim, o Banco Central afirmou que é "apropriada" a continuidade dos ajustes na política monetária bem como é preciso seguir "especialmente vigilante".
A avaliação foi feita pelo BC nesta quinta-feira, por meio da ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária. Apesar de o Copom ter optado por desacelerar o ritmo de alta da Selic, a ata deste encontro tem muitas semelhanças com o documento anterior, de janeiro.
"Não obstante moderação observada na margem, a elevada variação dos índices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação ainda mostre resistência, que, a propósito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava", trouxe a ata divulgada nesta manhã. Na anterior, o BC não mencionava esse arrefecimento nos preços.
"Dessa forma, o Copom entende ser apropriada a continuidade do ajuste das condições monetárias ora em curso." O BC reduziu o ritmo de aperto monetário na semana passada, ao elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, a 10,75 por cento ao ano. Nas seis decisões anteriores, havia optado por aumentos de 0,5 ponto da Selic. O atual ciclo de aperto monetário começou em abril passado, quando a taxa básica de juros estava na mínima histórica de 7,25 por cento.
No mercado de juros, após a divulgação da ata, aumentaram as apostas de mais uma alta da Selic de 0,25 ponto percentual em abril, quando o BC de reúne novamente. Na véspera, elas estavam em 60 por cento, às 9h38 passavam para 77 por cento; os restantes esperam manutenção da taxa.
O IPCA-15, prévia da inflação oficial do país, acumulava alta de 5,65 por cento em 12 meses até fevereiro. A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento pelo IPCA, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
Pela ata, o BC informou também que suas projeções de inflação continuaram acima do centro da meta do governo, mas fez alguns ajustes, sem mostrar os números efetivamente. Para 2014, no cenário de referência, a conta se manteve "relativamente estável" e, para 2015, ela foi reduzida.
Ainda de acordo com a ata, o Copom manteve a projeção de estabilidade nos preços da gasolina em 2014, assim como a perspectiva de reajuste de 7,5 por cento na tarifa residencial de eletricidade.
Segundo a ata, o BC também voltou a defender que "a política monetária deve se manter especialmente vigilante", mas também ponderou que "os efeitos das ações de política monetária sobre a inflação são cumulativos e se manifestam com defasagens".
Na ata anterior, neste trecho, ele não fazia menção aos efeitos "cumulativos".