Economia

Mesmo com juros em queda, cheque especial tem leve alta e alcança 307,6%

De acordo com o Banco Central, média dos juros caiu de 37,9% ao ano para 36,9%; endividamento das famílias ficou em 44,6%

Dinheiro: no crédito pessoal, a taxa passou de 43,1% para 41,5% ao ano (Priscila Zambotto/Getty Images)

Dinheiro: no crédito pessoal, a taxa passou de 43,1% para 41,5% ao ano (Priscila Zambotto/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 25 de outubro de 2019 às 11h18.

Última atualização em 28 de outubro de 2019 às 10h37.

São Paulo — A taxa média de juros no crédito livre caiu de 37,9% ao ano em agosto para 36,9% ao ano em setembro, informou nesta sexta-feira 25, o Banco Central (BC). Em setembro de 2018, essa taxa estava em 37,9% ao ano.

Para pessoa física, a taxa média de juros no crédito livre passou de 52,1% para 51,3% ao ano de agosto para setembro, enquanto para pessoa jurídica foi de 18,9% para 17,8% ao ano.

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 306,9% ao ano para 307,6% ao ano de agosto para setembro. No crédito pessoal, a taxa passou de 43,1% para 41,5% ao ano.

Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor. Em junho de 2018, antes do início da nova dinâmica, a taxa do cheque especial estava em 304,9% ao ano.

Os dados divulgados nesta sexta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 20,1% ao ano em agosto para 19,8% em setembro.

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 25,1% ao ano em agosto para 24,5% ao ano em setembro. Em setembro de 2018, estava em 24,2%.

Cartão de crédito

Já os juros de cartão de crédito subiram 0,6 pontos porcentuais de agosto para setembro, informou nesta sexta-feira, 25, o Banco Central. Com isso, a taxa passou de 307,2% para 307,8% ao ano.

O juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. Dentro desta rubrica, a taxa da modalidade rotativo regular passou de 288,9% para 290,2% ao ano de agosto para setembro. Neste caso, são consideradas as operações com cartão rotativo em que houve o pagamento mínimo da fatura.

 

Já a taxa de juros da modalidade rotativo não regular passou de 319,7% para 319,5% ao ano. O rotativo não regular inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatura não foi realizado.

No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 177,3% para 178,3% ao ano.

Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 68 5% para 69,7% de agosto para setembro.

Em abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos.

A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.

ICC

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) caiu 0,1 ponto porcentual em setembro ante agosto, aos 18,5% ao ano. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque. Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Spread

O spread bancário médio no crédito livre passou de 31,6 pontos porcentuais em agosto para 30,8 pontos porcentuais em setembro, informou o Banco Central. O spread médio da pessoa física no crédito livre foi de 45,5 para 45,0 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 12,8 para 12,0 pontos porcentuais.

Já spread médio do crédito direcionado foi de 6,4 pontos porcentuais para 6,1 pontos porcentuais na passagem de agosto para setembro.

O spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 20 7 pontos porcentuais para 20,2 pontos porcentuais no período.

Inadimplência

A taxa de inadimplência no crédito livre permaneceu em 3,9% na passagem de agosto para setembro, informou o Banco Central. Em setembro de 2018, a taxa estava em 4,1%.

Para pessoa física, a taxa de inadimplência foi de 4,9% para 5,0%. Para as empresas, a taxa foi de 2,6% para 2,5%.

A inadimplência do crédito direcionado foi de 1,9% para 2,0% na passagem de agosto para setembro.

Já o dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência permaneceu em 3,1%.

Endividamento

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro ficou em 44,6% em agosto, ante 44,3% em julho, informou o Banco Central. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 25,9% em agosto, ante 25 7% em julho.

O cálculo do BC leva em conta o total das dívidas dividido pela renda no período de 12 meses. Além disso, incorpora os dados da Pesquisa Nacional de Amostragem Domiciliar (Pnad) contínua e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), ambas do IBGE.

Segundo o BC, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) atingiu 20,6% em agosto, ante 20,5% em julho. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 18,3% em agosto, ante 18,2% em julho.

Acompanhe tudo sobre:Cartões de créditoCheque especialJuros

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto