Presidente Dilma Rousseff recebe a presidente alemã Angela Merkel no Palácio do Planalto (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2015 às 13h29.
Brasília - A chanceler alemã, Angela Merkel, pressionou o governo brasileiro nesta quinta-feira para abrir seus mercados para companhias estrangeiras, e disse que vê uma oportunidade para alcançar um acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.
Merkel está em uma visita de dois dias ao Brasil com uma grande delegação de autoridades e representantes de empresas alemãs, que injetaram mais de 19 bilhões de euros na economia brasileira.
"Podemos ampliar nosso comércio. Precisamos de condições confiáveis de investimento", disse ela em Brasília, fazendo pressão para conseguir acesso melhor para produtos farmacêuticos e tecnologias médicas da Alemanha, por exemplo, ao mercado brasileiro.
Autoridades do governo alemão querem usar a viagem para fazer o lobby para que empresas da Alemanha estejam envolvidas no programa de investimentos de 57 bilhões de dólares em ferrovias, portos e aeroportos anunciado pela presidente Dilma Rousseff.
As companhias interessadas no programa incluem a Siemens , a Fraport e a Deutsche Bahn. Elas enfrentam concorrência de empresas chinesas.
O Brasil atravessa um período de impasse no Legislativo, uma falta de alternativas viáveis aos partidos políticos estabelecidos e uma guinada econômica que levou o real ao patamar mais baixo em 12 anos.
A economia está sentindo os efeitos da desaceleração mais forte em três décadas.
O vasto escândalo de corrupção revelado pela operação Lava Jato envolveu chefes políticos e corporativos, e o Tribunal de Contas da União (TCU) deve analisar as contas do governo Dilma de 2014 e, em caso de parecer pela rejeição, pode dar força aos partidários de um impeachment.
No entanto, Merkel frisou a "relação muito especial" da Alemanha com o Brasil, onde mais de 1.300 companhias alemãs atuam. Ela também vê uma nova oportunidade de fechar um acordo de comércio com o Mercosul. As conversas sobre um acordo se arrastam desde 1999.
As negociações já fracassaram no passado devido a subsídios a agricultura da União Europeia e à abertura das indústrias do Mercosul à concorrência europeia.
"Saí com a impressão que a presidente está muito interessada", disse Merkel sobre a negociação sobre comércio após reunir-se com Dilma.
O Paraguai e o Uruguai também estão interessados em um acordo rápido com a UE, mas a Venezuela se mostra relutante.