A chanceler alemã, Angela Merkel: Rajoy também elogiou o trabalho de Merkel à frente da Alemanha e disse que a chanceler "está fazendo as coisas muito bem". (©afp.com / Ove Arscholl)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2013 às 16h44.
Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou nesta segunda-feira sua total confiança de que o chefe do Governo espanhol, Mariano Rajoy, prossigará com as reformas estruturais necessárias em seu país e disse que a Alemanha realizará políticas que fomentem o crescimento da União Europeia (UE).
Rajoy e Merkel presidiram em Berlim a XXIV cúpula entre a Espanha e a Alemanha, que contou com a participação de quatro ministros dos dois países. Os chefes de governo fizeram elogios mútuos um ao outro e disseram que acreditam que seja feito um acordo sobre o próximo orçamento da UE durante o Conselho Europeu desta semana.
Merkel reiterou seu "grande respeito e admiração" pelas reformas que a Espanha está realizando e se mostrou convencida de que as medidas irão surtir efeito.
"Temos uma relação de muita confiança, e todo o governo, com Rajoy à frente, está trabalhando para superar a situação, reduzir o desemprego e fazer com que as reformas sejam eficazes e a Espanha volte a ter a força que lhe corresponde", acrescentou.
Após assegurar que a Alemanha vai apoiar essas reformas "com todas suas forças", Merkel lembrou o pedido de implementar políticas que fomentem o crescimento da UE feito por Rajoy à chanceler.
"Estou perfeitamente de acordo com ele", disse Merkel. A chanceler rebateu as críticas de que a Alemanha não economiza o suficiente, afirmando que seu país poupa de maneira a não se transformar em um sócio ruim e contribuir para o crescimento da UE.
A chanceler disse que quanto mais dinheiro os alemães tiverem, mais poderão usar para comprar produtos exportados por outros países ou gastar em turismo.
"Essa é nossa contribuição", explicou, antes de assinalar que a Alemanha poderia ter economizado muito mais se não fosse pelo compromisso que tem com o crescimento da Europa em um período especialmente difícil. "Cada um faz sua parte, e nós também fazemos", disse Merkel.
A chanceler disse que o mais triste da situação econômica espanhola é o desemprego juvenil. Sobre esse assunto, Merkel afirmou que as ministras de Trabalho de ambos os países falaram hoje sobre a possibilidade de mobilidade trabalhista na UE e de melhorar a formação profissional na Espanha.
A líder contou ainda que no fórum econômico de Davos (Suíça) falou sobre o desemprego juvenil na Espanha e disse que as reformas estruturais são indispensáveis para combater este problema.
Por isso, voltou a defender a mobilidade para que os jovens possam encontrar emprego e defendeu que as empresas alemãs na Espanha enfatizem uma formação profissional com o objetivo dos espanhóis terem a oportunidade de aprender e obter um posto de trabalho fixo.
Embora tenha dito que ainda não é possível dar mais detalhes, pretende incluir a questão na pauta de discussão das finanças europeias.
Rajoy também elogiou o trabalho de Merkel à frente da Alemanha e disse que a chanceler "está fazendo as coisas muito bem". Além disso, o chefe de Governo da Espanha repassou as principais medidas que adotou no país para criar emprego e conseguir crescimento econômico. O chefe do Executivo lembrou que o déficit estrutural da Espanha caiu 3,5% em 2012.
Rajoy disse que as relações políticas e econômicas bilaterais entre os dois países são "estupendas" e destacou o aumento do número de turistas alemães que visitaram a Espanha no ano passado.
Além disso, Rajoy disse que outros assuntos abordados na cúpula foram o Conselho Europeu desta semana, no qual acredita que se alcance um acordo sobre o próximo orçamento comunitário, e a ofensiva no Mali.
A situação gerada pela divulgação na Espanha da contabilidade do ex-tesoureiro do Partido Popular (PP) Luis Bárcenas, que teria o registro de pagamentos ilegais feitos aos membros da legenda (inclusive Rajoy), ocupou boa parte da entrevista coletiva.
Rajoy aproveitou a ocasião para negar tudo o que foi publicado sobre ele e outros dirigentes do partido (salvo algumas anotações que o PP já assumiu como corretas) e assegurou que se sente forte, com esperança e coragem para seguir à frente do governo.
A chanceler foi perguntada também por este assunto e voltou a expressar sua plena confiança no presidente do governo espanhol.