Apenas com uma supervisão bancária ''efetiva'' será possível ''ajudar países como a Espanha'', disse Hollande (©AFP/Archivo / Lionel Bonaventure)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2012 às 21h35.
Berlim - A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande, pressionaram nesta quinta-feira a Grécia a ''se esforçar para cumprir'' seus compromissos, em mensagem conjunta às vésperas da viagem a Berlim e Paris do primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, em uma rodada de reuniões consideradas essenciais para Atenas.
Os líderes do eixo franco-alemão reafirmaram sua coesão em Berlim, acima de suas diferenças em relação à Grécia, e encorajaram Samaras a ''cumprir'' seus compromissos e ''prosseguir com as reformas'' empreendidas.
''É a nossa vontade'' que a Grécia ''permaneça na zona do euro'', para o que é preciso que Atenas ''se empenhe'', ressaltou Hollande, enquanto Merkel enfatizou a necessidade de serem implementados os acordos firmados na última cúpula da União Europeia (UE), especialmente no que diz respeito à supervisão bancária.
Apenas com uma supervisão bancária ''efetiva'' será possível ''ajudar países como a Espanha'', acrescentou Hollande, em um discurso conjunto com Angela Merkel.
Foi uma declaração de apenas alguns minutos, imediatamente após a chegada de Hollande e anterior a um jantar de trabalho no qual ''seguramente não ficaremos entediados'', comentou Merkel, em tom relaxado, apesar dos temas abordados não serem considerados leves (a situação da Grécia e o conflito sírio).
Ambos os líderes se esforçaram em mostrar harmonia, apesar das diferenças evidenciadas nos dias anteriores por Berlim - inflexível, no que se refere a repensar os compromissos adquiridos por Atenas - e Paris, disposta a dar mais tempo à Grécia.
O encontro na chancelaria esteve precedido por insistentes mensagens, do lado alemão, para diminuir as expectativas sobre a rodada de encontros nesta semana com Samaras.
O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, há dias vem insistindo que não deveriam ser esperadas ''decisões determinantes'' na reunião entre ambos os líderes, como também na que acontece amanhã com Samaras.
Várias vezes, o ministro de Finanças alemão e homem forte do governo, Wolfgang Schäuble, sentenciou que a solução não é dar mais tempo à Grécia e muito menos pensar em um terceiro pacote de resgate.
Berlim se mostra inflexível, sem temer que isto danifique sua credibilidade no âmbito interno, já que este é o parecer partilhado pela maioria dos cidadãos alemães.
Samaras, por sua parte, encara a reunião de sexta-feira com Merkel como uma campanha de ''galanteio'' em relação aos alemães, como definiu a imprensa germânica.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro grego afirmou ao jornal ''Bild'' que a única coisa que deseja é ''um pouco de ar para respirar''. Hoje mudou o discurso, prometendo ''devolver aos alemães seu dinheiro'', em entrevistas ao ''Bild'' e ao ''Süddeutsche Zeitung''.
A Alemanha - principal potência da zona do euro - é o maior contribuinte do pacote de resgate grego, do mesmo modo que a rejeição do Bundesbank (banco central alemão) à compra em massa da dívida soberana pode ter seu peso na tomada de decisões do Banco Central Europeu (BCE).
A campanha midiática de Samaras discorre em paralelo às gestões que, segundo a imprensa alemã, realiza a equipe de Hollande para se chegar a uma fórmula que flexibilize o não categórico de Berlim à mudança substancial nos compromissos adquiridos por Atenas.
O termo ''mudança substancial'' é o que vem sendo repetido com mais insistência na coalizão de Merkel, seja por Schäuble, da União Democrata-Cristã (CDU), partido de Merkel, ou seus parceiros membros do Partido Liberal, os ministros de Relações Exteriores, Guido Westerwelle, e da Economia, Philipp Rösler.
Até agora, o Partido Liberal assumiu o papel de ''inflexível'' na coalizão, especialmente desde que Rösler afirmou, semanas atrás, que a possibilidade de a Grécia abandonar o euro não assusta mais ninguém.
A CDU de Merkel, por outro lado, se limita aos pronunciamentos de compromisso com o euro, assim como declara que não haverá decisões sobre a Grécia até a avaliação da ''troika'' (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e BCE) em setembro.