Economia

Mercosul recebe Venezuela e vira 'quinta economia mundial'

''O Mercosul se transforma agora na quinta economia mundial'', com um Produto Interno Bruto (PIB) de 3,3 trilhões de dólares, e se consolida como uma ''potência''

Mercosul: Venezuela demonstrou seu peso econômico no Mercosul ao assinar em Brasília um contrato para a compra de seis aviões modelo E190 da Embraer (Santiago Mazzarovich/AFP)

Mercosul: Venezuela demonstrou seu peso econômico no Mercosul ao assinar em Brasília um contrato para a compra de seis aviões modelo E190 da Embraer (Santiago Mazzarovich/AFP)

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Da Redação

Publicado em 31 de julho de 2012 às 21h35.

Brasília - A Venezuela ingressou nesta terça-feira oficialmente como membro pleno do Mercosul em uma cúpula extraordinária que contou com a presença dos presidentes deste país, do Brasil, da Argentina e do Uruguai, e na qual foi destacado o peso econômico do novo parceiro do bloco.

''O Mercosul se transforma agora na quinta economia mundial'', com um Produto Interno Bruto (PIB) de 3,3 trilhões de dólares, e se consolida como uma ''potência'' nas áreas de energia e produção de alimentos, declarou Dilma Rousseff ao oficializar a entrada da Venezuela como quinto membro do bloco.

Dilma deu uma ''calorosa boas-vindas'' a ''todo o povo venezuelano'' ao Mercosul, que agora passa a ser uma zona econômica com 270 milhões de habitantes e que representa 70% da população sul-americana. O Brasil exerce neste semestre a presidência rotativa do bloco.

A Venezuela demonstrou seu peso econômico no Mercosul ao assinar em Brasília, antes da cúpula extraordinária, um contrato para a compra de seis aviões modelo E190 da Embraer, que serão destinados à companhia aérea Conviasa, com opção de compra de outras quatorze aeronaves. O contrato tem um valor de US$ 270 milhões e pode alcançar US$ 900 milhões caso a Venezuela confirme todas as opções de compra.

Diante dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Mujica, a governante brasileira convidou ''os setores empresariais de toda a região a participar ativamente deste momento'' e aproveitar os novos espaços para o comércio e os investimentos que podem se abrir com a ampliação do bloco.


Dilma destacou que a Venezuela ''tem as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo'', mas ponderou que o país deve ''avançar em sua industrialização''. A presidente afirmou que a entrada da Venezuela no bloco representa ''um novo universo de oportunidades'' para os sócios do Mercosul.

Chávez admitiu essa realidade e declarou que a entrada no Mercosul é ''a maior oportunidade histórica em 200 anos na Venezuela, um país que por modelos de desenvolvimento impostos estava condenado antes ao subdesenvolvimento, ao atraso e à miséria''.

O líder bolivariano ressaltou o ''interesse'' de seu país ''em sair desse modelo e estimular um novo modelo agrícola'', frisando que a Venezuela tem ''mais de 30 milhões de hectares'' de terras disponíveis.

''O Mercosul é sem dúvida a maior locomotiva para garantir nossa independência e acelerar nosso desenvolvimento'', afirmou Chávez em Brasília.

Cristina Kirchner dedicou a maior parte de seu discurso a criticar os países desenvolvidos por sua atuação frente à crise financeira, mas também valorizou as ''potencialidades'' que a entrada da Venezuela traz ao bloco. Para a presidente Argentina, o ingresso do país é uma resposta aos que duvidavam do futuro do bloco.


Mujica concordou com Chávez que ''nunca ao longo da história'' a América do Sul teve ''uma oportunidade como esta'' e afirmou: ''é agora ou nunca''. O líder ressaltou, no entanto, que a região continua sendo ''uma das mais ricas e uma das mais desiguais do mundo''.

Paraguai, um dos quatro fundadores do Mercosul, foi o único ausente da reunião, pois foi suspenso do bloco pelos outros três países-membros em 29 de junho, na cúpula de Mendoza (Argentina), em função do impeachment de Fernando Lugo da presidência.

Nos discursos de hoje, a única referência ao Paraguai foi feita por Dilma, que voltou a defender a decisão de suspender o país e atribuiu a medida a um ''inequívoco compromisso do Mercosul com a democracia''.

Segundo Dilma, ''a perspectiva é que o Paraguai normalize sua situação interna e recupere todos seus direitos plenos no Mercosul''.

O Congresso do Paraguai era o único que não tinha aprovado a incorporação plena da Venezuela, país que tem quatro anos de prazo para se adaptar à normativa comercial do Mercosul. 

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