Economia

Mercosul e UE retomam negociações para acordo comercial

Os dois grupos vão equilibrar os detalhes técnicos para fechar os acordos comerciais que ficaram sem consenso na última reunião

UE: as negociações vão se estender até 2 de março (Francois Lenoir/Reuters)

UE: as negociações vão se estender até 2 de março (Francois Lenoir/Reuters)

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AFP

Publicado em 19 de fevereiro de 2018 às 17h21.

Os negociadores do Mercosul e da União Europeia vão retomar as discussões para um acordo comercial nesta segunda-feira (19), em Assunção, após alcançar avanços e alinhar as expectativas depois da última rodada, celebrada em Bruxelas.

Os dois grupos vão equilibrar os detalhes técnicos para fechar os acordos comerciais que ficaram sem consenso na última reunião, em 9 de fevereiro.

As negociações vão se estender até 2 de março. Ao final, poderia haver um anúncio sobre o acordo, após 20 anos de diálogos entre os dois blocos.

"Ainda falta concluir assuntos sensíveis pendentes", alertou o chanceler paraguaio, Eladio Loizaga, à imprensa.

Loizaga, que ocupa a presidência rotativa do bloco sul-americano neste semestre, disse que assuntos-chave como a carne bovina já foram resolvidos.

Ao fim da última rodada de consultas em Bruxelas, a UE se declarou disposta a elevar a importação de carne bovina do Mercosul de 70 mil toneladas para 99 mil toneladas. O número ainda precisa ser oficializado.

Pontos sensíveis

O início oficial das negociações que definirão o futuro acordo de associação está marcado para quarta-feira, com a presença da responsável europeia nas discussões, a italiana Sandra Gallina.

Já há indícios de que elas podem ser tensas.

Nesta segunda-feira, em Bruxelas, o comissário europeu de Agricultura, Phil Hogan, alertou que "existem muitas áreas nas quais não progredimos como deveríamos. Não estamos recebendo o tipo de ofertas dos países do Mercosul que esperamos, particularmente no que diz respeito aos produtos industriais".

"Só chegaremos a um acordo quando nos convencermos de que alcançamos um bom acordo, um resultado equilibrado que reflete o mandato" concedido à Comissão pelo Conselho da Europa, afirmou Hogan.

Os principais pontos de discussão continuam sendo os mesmos de depois da conclusão da última rodada de negociação.

Eles incluem o acesso a mercados para produtos industriais e agropecuários, como automóveis, autopeças e laticínios para a UE.

Já o Mercosul convence a UE a abrir seu mercado para as exportações de carne bovina e etanol, entre outros.

"A Comissão europeia está comprometida em alcançar um acordo ao mesmo tempo ambicioso e equilibrado entre União Europeia e Mercosul", comentou em Bruxelas o porta-voz Daniel Rosario.

"Os negociadores tentaram superar as discordâncias que ainda persistem", acrescentou.

Também estão sendo discutidos outros assuntos, como regras de origem e períodos de transição, proteção de indicações geográficas e oportunidades no setor marítimo.

Negociações muito duras

Loizaga disse que o setor automotivo terá uma definição nesta semana, bem como a oferta agrícola. "Ainda é preciso conhecer a segmentação desta oferta", destacou.

"São negociações muito difíceis, muito fortes. Às vezes, chega-se a um acordo na mesa e, então, novos elementos aparecem", lamentou o ministro das Relações Exteriores do Paraguai. Mas ele afirmou o ânimo das duas partes para chegar a um acordo político.

"Esperamos chegar a um acordo que satisfaça as duas partes. Existem as condições políticas", afirmou.

O presidente da federação dos empresários paraguaios, Beltrán Macchi, disse nesta segunda que "é essencial alcançar um tratamento especial e diferenciado para os países do Mercosul".

Os dois blocos buscam desde 1999 fechar um Acordo de Associação, que também inclui capítulos políticos e de cooperação. A chegada do protecionista Donald Trump à Casa Branca foi um impulso para os negociadores, que tentaram - em vão - fechar um acordo político até o final de 2017.

Em 2016, as exportações europeias de bens para o bloco sul-americano chegaram a 41,5 bilhões de euros, um pouco acima das importações dos países do Mercosul (40,6 bilhões de euros), segundo dados da Comissão Europeia.

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