Economia

Mercosul e Aliança do Pacífico se aproximam em meio a incertezas

A possibilidade de um acordo vem sendo aventada desde 2014, quando foi iniciada uma cooperação entre os dois blocos

Temer e Peña Nieto: mexicano deixa o cargo em dezembro, e tem o Nafta como prioridade (Mexico Presidency/Reuters)

Temer e Peña Nieto: mexicano deixa o cargo em dezembro, e tem o Nafta como prioridade (Mexico Presidency/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 24 de julho de 2018 às 06h30.

Última atualização em 24 de julho de 2018 às 10h40.

O presidente Michel Temer está na cidade mexicana de Puerto Vallarta, onde participa nesta terça de uma reunião inédita entre os presidentes do Mercosul e da Aliança do Pacífico —grupo de livre comércio formado por México, Chile, Colômbia e Peru. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o encontro, que ocorre paralelamente à 13ª edição da Cúpula da Aliança do Pacífico, será o primeiro “em nível presidencial” entre os dois blocos.

Apesar de já terem sido realizados esforços neste sentido, ainda não está na mesa de discussões um acordo de livre-comércio entre os grupos. Segundo o subsecretário-geral da América Latina e Caribe, embaixador Paulo Estivallet de Mesquita, os presidentes devem discutir temas como o comércio eletrônico, questões de contrato e direito do consumidor, e aprovar uma declaração conjunta.

“A ideia é a importância simbólica de que os dois principais agrupamentos da região, que respondem por 90% do PIB da América Latina, estejam dando um impulso político a esse esforço de aproximação”, afirmou Mesquita. O Mercosul é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

A possibilidade de um acordo entre a Aliança e o Mercosul vem sendo aventada desde 2014, quando foi iniciada uma cooperação entre os dois blocos. Em artigo exclusivo para EXAME, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB), afirmou que a cooperação entre os grupos intensificou-se no ano passado com a definição de um “guia” para orientar as atividades conjuntas. “A verdade é que não partimos do zero, já estamos muito próximos da vigência de uma zona livre comércio na América do Sul, realidade que passa muitas vezes despercebida”, escreve Nunes.

Entre medidas práticas, a expectativa é a assinatura de dois acordos, um sobre comércio de serviços entre o Mercosul e a Colômbia e outro sobre cooperação em assuntos aduaneiros entre o Brasil e o México. Ontem, Temer se reuniu com o presidente Mexicano, Enrique Peña Nieto, para tratar de uma ampliação na cota de exportações entre os países com redução de tarifa, citando nominalmente frango e arroz. Peña Nieto chamou o Brasil de “país irmão”.

As conversas entre os blocos, porém, enfrentam dois problemas. Um deles é a indefinição mexicana sobre o futuro do Nafta, o acordo econômico da América do Norte, que é tratado como prioridade. O Mercosul, neste contexto, fica em segundo plano. Além disso, México, Colômbia e Mercosul já têm novos presidentes eleitos, o que deve postergar definições mais concretas para um possível acordo. O próprio Temer deixa o cargo no dia 31 de dezembro.

Na quarta-feira, o presidente brasileiro segue viagem para a África do Sul, onde participará da 10ª Cúpula dos Brics (grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Cármen Lúcia, a presidente do Supremo Tribunal Federal, permanece na presidência até o final da semana.

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