Economia

Mercados mundiais do aço minimizam impacto de tarifas de Trump

Os Estados Unidos importaram 36 milhões de toneladas de aço em 2017, com Canadá, Brasil e Coreia do Sul sendo os principais fornecedores ao país

Trump: anunciou nesta quinta-feira as tarifas alegando necessidade de proteger os produtores norte-americanos (Kevin Lamarque/Reuters)

Trump: anunciou nesta quinta-feira as tarifas alegando necessidade de proteger os produtores norte-americanos (Kevin Lamarque/Reuters)

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Reuters

Publicado em 8 de março de 2018 às 18h17.

Londres - A criação pelos Estados Unidos de tarifa de importação de aço de 25 por cento aumentou receios sobre uma guerra comercial, mas produtores da liga fora da América do Norte acreditam que podem enfrentar a tempestade sem muita perturbação em seus negócios ou nos preços do aço.

Os Estados Unidos importaram 36 milhões de toneladas de aço em 2017, com Canadá, Brasil e Coreia do Sul sendo os principais fornecedores ao país norte-americano. Mas esse volume representa menos de 8 por cento do mercado mundial de aço, que negociou volumes de 473 milhões de toneladas durante o ano.

Além disso, embora as tarifas possam afastar do mercado dos EUA algumas importações, analistas da consultoria Wood Mackenzie estimam que no máximo 18 milhões de toneladas seriam desviados para outros mercados - ou menos de 4 por cento dos volumes negociados anualmente.

"O volume é relativamente pequeno e não terá um grande impacto nos preços", disse Roberto Cola, vice-presidente do Conselho de Aço e Ferro da Associação de Nações do Sudeste Asiático (AISC).

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira as tarifas alegando necessidade de proteger os produtores norte-americanos. O anúncio das tarifas, inicialmente feito na semana passada, causou ameaças de retaliação por outros países.

"Não é a commodity, é o ato de impor tarifas unilateralmente. Ninguém faz isso. Geralmente, há um processo e existem remédios comerciais. Isso é fora do comum. Aconteceu que houve um forte lobby das siderúrgicas dos EUA", disse Cola.

Os preços do aço na China, que balizam os preços globais, ainda estão quase 40 por cento maiores do que quando Trump lançou a investigação para imposição das tarifas, em abril do ano passado.

A principal economista de commodities da Capital Economics, Caroline Bain, disse que os mercados globais e os parceiros comerciais dos EUA estão preocupados porque temem que as novas tarifas sejam as primeiras de muitas outras para além do setor de metais.

A empresa de pesquisa espera que o preço do aço nos EUA feche em 700 dólares a tonelada em 2018, ante 476 dólares por tonelada antes de Trump ter sido eleito em outubro de 2016, mas acredita que os preços chineses não sejam atingidos porque as exportações de aço para o país são baixas.

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