Economia

Mercado reduz previsão para inflação este ano, após 19 semanas em alta, aponta Boletim Focus

Conforme o Relatório de Mercado Focus, a projeção para o IPCA de 2022 passou de 5,38% para 5,33%, após 19 semanas de alta

A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,00% para 2,02%, oitava alta seguida, contra 1 93% há um mês (Getty Images/Getty Images)

A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,00% para 2,02%, oitava alta seguida, contra 1 93% há um mês (Getty Images/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de agosto de 2022 às 10h03.

Última atualização em 22 de agosto de 2022 às 10h07.

Com os últimos dados de atividade econômica, o mercado financeiro continuou melhorando os prognósticos para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano no Boletim Focus, mesmo que marginalmente. A projeção para a alta do PIB em 2022 passou de 2,00% para 2,02%, oitava alta seguida, contra 1 93% há um mês. A estimativa para a expansão do PIB em 2023, por sua vez, piorou, de 0,41% para 0,39%, ante 0,49% um mês antes.

Considerando apenas as 54 respostas nos últimos cinco dias úteis a estimativa para o PIB no fim de 2022 saltou de 1,99% para 2 12%. No caso de 2023, houve 52 atualizações nos últimos cinco dias úteis, com variação de 0,50% para 0,48%.

O Relatório Focus divulgado nesta segunda-feira, 22, ainda mostrou manutenção na projeção para o crescimento do PIB em 2024 em 1,80%. Para 2025, a mediana foi mantida em 2,00%. Quatro semanas atrás, as taxas eram de 1,70 % e 2,00%, respectivamente.

O Focus também mostrou hoje redução na projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022. A mediana passou de 59,15% para 59,00%, mesmo porcentual de um mês atrás.

O relatório trouxe ainda estabilidade na perspectiva para a relação entre o resultado primário e o PIB deste ano, com o mercado prevendo superávit de 0,30%. Há um mês, a mediana era positiva em 0,22%. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 continuou em 6,80%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.

O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.

Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB cedeu de 63,97% para 63,65%, de 63,60% há um mês. A mediana para o déficit primário se deteriorou, de 0,37% para 0 47% do PIB. Para o rombo nominal, a estimativa continuou em 7 70%. Os porcentuais eram negativos em 0,30% e 7,70%, respectivamente, há quatro semanas.

Balança comercial

Os economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa de superávit da balança comercial em 2022 de US$ 66,40 bilhões para US$ 67,20 bilhões, ante US$ 68,50 bilhões de um mês atrás, segundo a pesquisa Focus. Para 2023, a projeção continuou em US$ 60,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas.

No caso da projeção de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos em 2022, a mediana seguiu em US$ 18,50 bilhões, contra US$ 18,00 bilhões de um mês atrás. Em 2023, a projeção para o rombo em transações correntes também continuou em US$ 30 00 bilhões. Há um mês, a expectativa já era deficitária em US$ 30,00 bilhões.

Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será suficiente para cobrir o rombo em transações correntes nesses anos. A mediana das previsões para o IDP em 2022 permaneceu em US$ 58,00 bilhões, ante US$ 57,85 bilhões de um mês atrás. Para 2023, também continuou em US$ 65,00 bilhões, de US$ 60,75 bilhões há quatro semanas.

Selic no fim de 2022 permanece em 13,75% ao ano

A projeção para a taxa Selic no fim de 2022 continuou pela 9ª semana seguida em 13,75% no Boletim Focus, seu atual patamar, com a sinalização do Banco Central de que o ciclo de alta de juros pode ter se encerrado no Comitê de Política Monetária (Copom) de agosto. Há um mês, o porcentual já era de 13,75%. Da mesma forma, a mediana para a Selic no final de 2023 permaneceu em 11,00%, de 10,75% quatro semanas antes.

Considerando apenas as 75 respostas nos últimos cinco dias úteis a expectativa para o juro básico no fim deste ano também seguiu em 13,75%. Para o término de 2023, as 74 revisões feitas nos últimos cinco dias úteis não alteraram a mediana de 11,00%.

No Copom deste mês, a Selic subiu 0,50 ponto porcentual, de 13 25% para 13,75%, e o colegiado disse que vai avaliar a necessidade de uma alta adicional, de 0,25pp, em setembro.

"O Comitê avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião. O Copom enfatiza que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas", afirmou o colegiado.

Na ata, o BC acrescentou que avalia que a estratégia exigida para trazer a inflação para o "redor da meta" no horizonte relevante considera o aumento definido para 13,75% em agosto e a manutenção da taxa em território bastante contracionista por um período longo.

Conforme o Boletim Focus, a previsão para a Selic no fim de 2024 continuou em 8,00%, mesmo porcentual de um mês atrás. Já a mediana para o fim de 2025 foi mantida em 7,50%, repetindo a taxa de quatro semanas antes.

Câmbio para 2022 permanece em R$ 5,20

O Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 22, pelo Banco Central (BC), mostrou manutenção no cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023 pela quarta semana seguida. A estimativa para o câmbio este ano continuou em R$ 5,20, mesmo valor de um mês antes. Para 2023, também permaneceu em R$ 5,20, repetindo a estimativa de quatro semanas atrás. A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o Banco Central espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.

IPCA para 2023 cede de 5,38% para 5,33% projeta Focus

O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 22, mostrou interrupção no processo de deterioração das expectativas inflacionárias para 2023, foco principal da política monetária, embora a estimativa ainda esteja acima do teto da meta (4,75%). A mediana para o IPCA - índice oficial de inflação - cedeu de 5 38% para 5,33%, após 19 semanas de alta. Há um mês, a projeção era de 5,30%.

Para 2022, a mediana continuou sua trajetória de arrefecimento, guiada principalmente pelas medidas do governo para baixar os combustíveis e pelas recentes reduções nos preços da gasolina pela Petrobras. A estimativa cedeu de 7,02% para 6,82%, a oitava redução seguida, também bem acima do limite superior do objetivo a ser perseguido pelo Banco Central (5,00%). Há quatro semanas, a mediana era de 7,30%.

Considerando somente as 95 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2022 passou de 6,95% para 6,69% e a de 2023 foi de 5,34% para 5,30%.

As medianas divulgadas na Focus desta semana continuam a apontar para três anos consecutivos de estouro da meta a ser perseguida pelo Banco Central, após o descumprimento já observado em 2021, com o IPCA de 10,06%. O alvo para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%, enquanto, para 2023, a meta é de 3,25%, com banda até 4,75%.

Mostrando sinais de desancoragem mais ampla, a mediana para o IPCA de 2024 continuou em 3,41%, contra 3,30% há um mês. A previsão para 2025 permaneceu em 3,00%, porcentual igual ao de 58 semanas atrás. A meta para os dois anos é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

No Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC atualizou suas projeções para a inflação com estimativas de 6,8% em 2022, 4,6 % em 2023 e 2,7% para 2024. O colegiado elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 13,75% ao ano.

Outros meses

Os economistas do mercado financeiro passaram a prever deflação maior para o IPCA de agosto, de -0,19% para -0,26 %, conforme o Relatório de Mercado Focus. Um mês antes, o porcentual projetado era de alta de 0,05%.

Para setembro, a projeção de alta do IPCA no Focus cedeu de 0 48% para 0,39% ante 0,50% há quatro semanas. Para o índice de outubro, a estimativa de aumento passou de 0,54% para 0,53%, de 0,55% um mês antes.

A estimativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses também desacelerou, de alta de 5,71% para 5,53% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,38%.

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