Presidente do Banco Central, Alexandre Tombini: previsão oficial do programa é de apenas mais uma semana de duração (Wilson Dias/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 23 de março de 2015 às 16h27.
Brasília - É grande a expectativa para qualquer sinal que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, possa passar nesta terça-feira, 24, na audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, a respeito da continuidade do programa de swaps cambiais (operações equivalentes à venda de dólar no mercado futuro).
A previsão oficial do programa é de apenas mais uma semana de duração.
A participação de Tombini na CAE será a partir das 10 horas.
Iniciada em agosto de 2013, a "ração diária" ao mercado sofreu ajustes desde então. No começo, o programa ofertava US$ 2 bilhões aos agentes econômicos por semana e, atualmente, são US$ 500 milhões - além da rolagem dos vencimentos atuais.
Os que defendem a continuidade do programa destacam a continuidade da volatilidade do dólar, com forte tendência de alta. Como dizem os próprios porta-vozes do BC, reduzir as oscilações diárias é um dos principais papéis dos leilões diários.
Um dos pontos que geram dúvidas, no entanto, é sobre se há espaço para a instituição manter a ração com um novo ajuste, ou seja, diminuindo ainda mais a oferta diária de dólares. Esta foi a estratégia da autarquia nos últimos meses, mas não se sabe ainda se uma quantia ainda menor do que a atual, mesmo que diária, seria suficiente para manter o mercado confortável.
Há, entretanto, um grupo que alega que os agentes já estariam "viciados" nessa ração e que, efetivamente, o programa não faz mais sentido. Usado também como argumento, a valorização do dólar não é uma questão brasileira, mas, sim, global. Além do mais, para essa corrente, o BC já teria se exposto "mais do que deveria" nesse mercado.
Desde o começo, já foram injetados o equivalente a US$ 115 bilhões por meio desse instrumento, usado pela primeira vez em 2002. Em janeiro, o BC teve ganho de R$ 10,781 bilhões com essas operações. Ao longo de todo o ano de 2014, no entanto, registrou prejuízo de US$ 17,329 bilhões, o maior da história.
A expectativa pela sinalização é grande para esta terça-feira porque, em dezembro do ano passado, também poucos dias antes do fim até então previsto para o programa (encerramento de 2014), o presidente do BC disse que os leilões diários em janeiro teriam entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões.
Essa pista de que o programa continuaria foi dada justamente após a participação de Tombini em audiência no Senado. Imediatamente após a fala de Tombini, o dólar, que estava sendo negociado nas máximas do dia, recuou por uns instantes. Naquele dia, a cotação do dólar estava em R$ 2,75.
Hoje está na casa dos R$ 3,16 e, mesmo assim, depois de um leve recuo. A valorização apenas este ano está em 19%.
A fala de Tombini sobre o assunto também é aguardada para esta terça-feira porque, em audiência na mesma CAE, há uma semana, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, disse que o presidente do BC daria explicações sobre o rumo do swap quando comparecesse à audiência dias depois.
Aliás, está claro para economistas que tanto Planejamento quanto Fazenda gostariam de ver o fim imediato do programa.
Em sua mais recente aparição pública, num evento em São Paulo na semana passada, Tombini voltou a destacar que o "programa visa a oferecer proteção", para o setor privado. "Estamos tranquilos em relação ao objetivo do programa, que tem tamanho significativo para oferecer proteção", destacou Tombini.
O BC ainda não deixou claro qual é sua preferência, mas, para alguns, a menção ao tamanho do programa pode já ter sido um recado de que a ração diária está para acabar.
Ainda que o fim do programa não seja necessariamente uma surpresa, não há dúvidas entre operadores de câmbio de que se verá ao menos uma estinlingada das cotações logo após essa confirmação. Já se o programa voltar a ser estendido, não há uma garantia de que o dólar possa recuar.
Há cerca de dez dias, fontes do BC disseram ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, que há um claro exagero na disparada do dólar e que mais "cedo ou mais tarde" o mercado fará a correção das taxas. "É importante que o mercado saiba que o BC entende que é um exagero. Essa é a mensagem", disse uma fonte.
A decisão sobre a continuação ou não do programa, segundo outra fonte do banco, será feita o mais tarde possível para que seja o cenário mais próximo da realidade. "A decisão será tomada no último minuto", garantiu. A contagem regressiva já começou.