Economia

Mercado físico de café no Brasil se retrai por seca

Corretoras familiares e as companhias multinacionais que movimentam quase metade das exportações de arábica do mundo estão estranhamente tranquilas


	Café: negócio à vista chegou quase a uma paralisação
 (Pierre Andrieu/AFP)

Café: negócio à vista chegou quase a uma paralisação (Pierre Andrieu/AFP)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 10h18.

Santos - Em Santos, onde o normalmente agitado comércio físico de café se concentra em um conglomerado de pequenos edifícios próximos ao porto, as corretoras familiares e as companhias multinacionais que movimentam quase metade das exportações de arábica do mundo estão estranhamente tranquilas.

Com os preços muito voláteis e a incerteza sobre o impacto da pior seca em 50 anos, o negócio à vista chegou quase a uma paralisação, disseram operadores e torrefadoras.

Com a aproximação do pico da colheita no Brasil entre junho e agosto, as previsões para a safra ainda estão desorganizadas, e os preços de contratos futuros têm oscilado até 10 por cento em um dia devido à incerteza.

"Nesta semana movimentamos talvez apenas alguns contêineres", disse Daniel Wolthers, na sala de classificação de café da Wolthers Associates, em Santos.

A calmaria do mercado contrasta com as apressadas negociações que ocorreram de dezembro até o começo de março, quando produtores ofertavam safra remanescente do ano passado à medida que os preços subiam por conta da seca.

"Tivemos alguns bons dias no começo do ano, quando estávamos movendo 100 contêineres. Esse é o dia que você sai com todo seu escritório e abre champanhe", disse Wolthers.

Por ora, as exportações de café verde continuam a fluir a um ritmo de 2,5 milhões a 3,3 milhões de sacas por mês, e a crescente demanda deve esvaziar os grandes estoques, sustentar os preços e eventualmente forçar novas vendas até setembro, disseram traders. Mas os traders alertam sobre consequências futuras para grandes compradores como Starbucks, e até mesmo para produtores, que não estão com pressa para vender o café que em breve irão colher.

Rodrigo Costa, analista da trading Newedge, disse que produtores estavam segurando as vendas após os preços dos contratos futuros terem cedido na semana passada.

Os produtores não estão convencidos de que eles viram os últimos impactos da seca sobre a produção, e acreditam que o escasso fornecimento possa elevar os preços, disse ele.

Grandes compradores, muitos dos quais com estoques suficientes para se manter durante o período de colheita, estão saindo do mercado.

O diretor de comercialização e operações da Starbucks, Tim Scharrer, disse em uma conferência no Guarujá recentemente que sua companhia estava colocando "as compras em espera por enquanto".

A incerteza do mercado depois seca atípica se espalhou para outras commodities também. A maior produtora de açúcar do Brasil, a Cosan, disse que havia reduzido a fixação de preços para entregas futuras por incerteza sobre o clima.

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