Economia

Mercado está exagerando no pessimismo?

O cenário mais drástico traçado por alguns analistas não é consensual, e especialistas dizem que o mercado está exagerando no pessimismo


	Mercado financeiro: “o cenário é grave, mas o mercado está exagerando no pessimismo”, diz o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega
 (Lailson Santos/Exame)

Mercado financeiro: “o cenário é grave, mas o mercado está exagerando no pessimismo”, diz o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega (Lailson Santos/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 1 de dezembro de 2015 às 20h20.

O agravamento da tensão política com as prisões do senador Delcídio Amaral e do banqueiro André Esteves quebrou a relativa calmaria nos mercados que vinha ocorrendo desde o ápice da crise, em setembro, quando o dólar passou de R$ 4,00.

Apesar dos riscos ampliados, o cenário mais drástico traçado por alguns analistas não é consensual.

“O cenário é grave, mas o mercado está exagerando no pessimismo”, diz o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. Para ele, o Brasil resistirá à crise mesmo após os últimos acontecimentos confirmarem que a presidente Dilma Rousseff faz o que considera “um dos governos mais ineptos da história”.

Para Maílson, as instituições do País são sólidas e o governo tem forças para evitar que a economia desmorone. Para isso, pode contar com a ajuda da oposição em algumas medidas fiscais. O PSDB não estaria mais disposto a apostar no quanto pior melhor por ser ele próprio uma alternativa de poder. “Eles vão querer um mínimo de ordem na herança maldita que certamente vão receber em 2018”.

Para o ex-ministro, a possibilidade de renovação política em 2018, seguindo a tendência iniciada pela Argentina na América Latina, é um dos fatores que ajudam a limitar o pessimismo. “O bolivarianismo e a esquerda populista vão perder espaço”, diz Maílson. A mudança no Brasil já começou quando Dilma pôs Levy na Fazenda e deve ser completada pela vitória de uma oposição pró- reformas nas próximas eleições, segundo ele.

Maílson da Nóbrega, que esteve no governo em um período marcado por crises persistentes, não vê riscos de uma ruptura na economia, apesar da recessão profunda e da inflação acima de 10 por cento. O câmbio flutuante e as reservas de US$ 350 bilhões impedem uma crise cambial. “Mesmo após o recente overshooting do dólar, as reservas estão estáveis, o que mostra não haver fuga de capital”.

A desvalorização cambial, aliás, deve trazer alívio para a economia, diz o ex-ministro. Primeiro, por contribuir para o ajuste das contas externas, favorecendo a substituição de importações. Segundo, por tornar mais atraentes os ativos brasileiros para os investidores estrangeiros. A onda recente de investimentos chineses no Brasil já é um sinal deste interesse.

Maílson também viu como positiva a postura mostrada pelo BC, que sinalizou no último Copom que pode subir os juros para conter a inflação. “O BC indicou que não entrou na onda da dominância fiscal”. Da mesma forma, foi correto o BC ter mandado recado, em setembro, de que vai intervir no câmbio se necessário.

O sistema financeiro, que é sólido e estaria passando por um teste com o caso BTG, também é visto por Maílson como argumento contra um pessimismo agudo. Os grandes bancos brasileiros estão ajustados e o próprio BTG tenderia a sobreviver, na visão dele. “O Brasil passa por um momento difícil, mas ao contrário do que vimos em outros episódios no passado, conta com fatores que funcionam como amortecedores da crise”.

Acompanhe tudo sobre:André Estevesbancos-de-investimentoBanqueirosBilionários brasileirosBTG PactualDelcídio do AmaralEmpresáriosEmpresasEmpresas abertasHoldingsPersonalidades

Mais de Economia

Presidente do Banco Central: fim da jornada 6x1 prejudica trabalhador e aumenta informalidade

Ministro do Trabalho defende fim da jornada 6x1 e diz que governo 'tem simpatia' pela proposta

Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto

Redução da jornada de trabalho para 4x3 pode custar R$ 115 bilhões ao ano à indústria, diz estudo