Boletim Focus: IPCA volta a subir nas estimativas divulgadas nesta segunda-feira (Pilar Olivares/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 27 de fevereiro de 2023 às 09h34.
Última atualização em 27 de fevereiro de 2023 às 09h38.
As expectativas inflacionárias para 2023 e 2024 mostraram certa estabilização no Boletim Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 27. Em prazos mais longos, a deterioração continuou, mas também menos severa do que nas últimas semanas, quando houve fortes críticas do governo federal ao nível de juros, à meta de inflação e à autonomia do Banco Central.
A projeção para o IPCA - índice oficial de inflação - deste ano subiu marginalmente, de 5,89% para 5,90%, a 11ª alta consecutiva. Um mês antes, a mediana era de 5,74%. Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção continuou em 4,02%, de 3,90% há quatro semanas.
Considerando somente as 107 estimativas atualizadas nos últimos 5 dias úteis, a mediana para 2023 passou de 5,97% para 5,93%. Para 2024, variou de 4,10% para 4,05%, considerando 102 atualizações no período.
Atualmente, o foco da política monetária está nos anos de 2023 e com maior peso, de 2024. A mediana na Focus para a inflação oficial em 2023 está bem acima do teto da meta (4,75%), apontando para três anos de descumprimento do mandato principal do Banco Central, após 2021 e 2022. Para 2024, a mediana está acima do centro da meta (3,00%), mas ainda dentro do intervalo que vai de 1,50% a 4,50%.
Já a mediana para o IPCA de 2025 subiu levemente, de 3,78% para 3,80%, de 3,50% há um mês. A estimativa para o IPCA de 2026 avançou de 3,70% para 3,75%, contra 3,50% um mês antes. A meta para 2025 é de 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%). Ainda não há objetivo definido para 2026.
No Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, o BC atualizou suas projeções para a inflação no cenário de referência com estimativas de 5,6% em 2023 e 3,4% para 2024. O colegiado ainda inseriu um cenário alternativo, em que a Selic fica estável por todo o horizonte relevante. Nesse cenário, as projeções são de 5,5% para 2023 e 2,8% para 2024. O Copom manteve a Selic em 13,75% ao ano pela quarta vez seguida.
Após o IPCA-15 de fevereiro (0,76%), os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a alta do índice de inflação oficial (IPCA) do mês no Focus. A mediana continuou em 0,78%, de 0,79% há um mês.
Para o IPCA de março, a estimativa seguiu em 0,65%, contra 0,58% um mês antes. Para abril, a previsão para o indicador avançou levemente, de 0,60% para 0,61%. Era de 0,55% há quatro semanas. Já a expectativa para a inflação suavizada para os próximos 12 meses cedeu de 5,70% para 5,65%, de 5,63% há um mês.
No Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, a mediana para a taxa Selic no fim de 2023 continuou em 12,75% ao ano, enquanto para o término de 2024 se manteve em 10,00%. Há quatro semanas, as estimativas eram de 12,50% e 9,50%, nessa ordem.
Considerando apenas as 81 respostas dos últimos cinco dias úteis a mediana para o fim de 2023 seguiu em 13,00%. Para o fim de 2024, cedeu de 10,50% para 10,25%, com 79 atualizações na última semana.
No primeiro Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do governo Lula, o colegiado afirmou que a incerteza fiscal e a desancoragem de expectativas inflacionárias em prazos mais longos aumentam o custo da desinflação.
O BC manteve pela quarta reunião consecutiva a taxa Selic em 13,75% ao ano e avisou que os juros básicos devem continuar nesse patamar para além de setembro, mês no qual o mercado financeiro esperava o primeiro corte antes do Copom.
Após ataques diretos e incessantes do governo federal, o presidente do BC considerou os questionamentos do governo sobre o nível de juros justos e avaliou que o órgão pode ser mais didático para explicar o motivo pelo qual a Selic está neste nível elevado. Ele ainda indicou que quer "trabalhar" junto com o governo e sinalizou que o avanço da agenda de reformas é o caminho para uma queda de juros mais célere, e não a mudança da meta de inflação.
Na Focus, a projeção para a Selic no fim de 2025 continuou em 9 00%, contra 8,50% de quatro semanas antes. O boletim ainda trouxe a projeção para a Selic no fim de 2026, que cedeu de 8 75% para 8,50%, mesmo porcentual de um mês antes.
A mediana para a alta do PIB em 2023 passou de 0,80% para 0,84%, contra 0,80% há um mês. Considerando apenas as 76 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2023, por sua vez, cedeu de 0,97% para 0,90%.
Apesar de não ter sido divulgado ainda, o PIB de 2022 não faz mais parte do boletim. Para 2024, o Relatório Focus mostrou estabilidade na perspectiva de crescimento do PIB em 1,50%, mesma projeção de um mês atrás.
Para 2025, a mediana seguiu em 1,80%, contra 1,89% de quatro semanas antes. O Boletim ainda trouxe a estimativa para 2026, que está em 2,00% há 50 semanas.
A projeção para o déficit primário em 2023 melhorou no Boletim Focus, de 1,05% para 1,03% do PIB, de 1,10% quatro semanas antes. Para o déficit nominal este ano, a mediana continuou em 7,85% na última semana, contra 8,45% do PIB há um mês.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Em relação ao indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2023, a estimativa caiu de 61,50% para 61,23% do PIB, de 61,40% há um mês.
Para 2024, a projeção para o rombo primário continuou em 0,80% do PIB, enquanto o déficit nominal previsto variou de 7,17% para 7,20% do PIB. Há um mês, os porcentuais eram de 1,00% e 7,15% do PIB, nessa ordem. No caso da dívida, a estimativa foi mantida em 64,00% do PIB, de 64,39% quatro semanas antes.
Os economistas do mercado financeiro reduziram a expectativa para o superávit da balança comercial em 2023 e 2024 no Boletim Focus. Para este ano, a projeção cedeu de US$ 57,85 bilhões para US$ 57,35 bilhões, contra US$ 57,60 bilhões há um mês. Para 2024 a mediana passou de US$ 56,75 bilhões para US$ 54,50 bilhões, de US$ 52,40 bilhões há quatro semanas.
Em relação à estimativa de déficit em conta corrente do balanço de pagamentos para 2023, a mediana deficitária continuou em US$ 50,00 bilhões, de US$ 46,00 bilhões um mês atrás. Para o ano que vem, a estimativa seguiu em US$ 50,25 bilhões, de US$ 45,00 bilhões há quatro semanas.
Para os analistas consultados semanalmente pelo BC, o ingresso de Investimento Direto no País (IDP) será mais do que suficiente para cobrir o rombo em transações correntes neste e no próximo ano. A mediana das previsões para o IDP em 2023 permaneceu em US$ 80,00 bilhões, mesmo valor esperado há quatro semanas. Para 2024, a estimativa também foi mantida em US$ 80,00 bilhões, repetindo a mediana de um mês antes.