Combustíveis: a crescente escassez de combustível produzido domesticamente também deve impulsionar projetos de terminais portuários (Marcos Santos/USP Imagens)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2016 às 13h59.
São Paulo - O setor privado deverá ampliar a participação no mercado brasileiro de derivados de petróleo nos próximos anos, conforme a estatal Petrobras se prepara para reduzir a presença em operações de distribuição e o setor se prepara para o aumento das importações.
Agentes de mercado acreditam que os problemas financeiros da Petrobras deverão abrir caminho para investimentos privados, principalmente em logística.
A crescente escassez de combustível produzido domesticamente também deve impulsionar projetos de terminais portuários, usinas de etanol e mesmo refinarias, o que dependerá do estabelecimento de regras claras por um eventual novo governo.
A presidente Dilma Rousseff sofreu uma impactante derrota no domingo, quando a Câmara dos Deputados aprovou por ampla maioria o encaminhamento ao Senado de seu processo de impeachment.
"Nós vamos ver uma onda de mudanças no setor, com a Petrobras focando em exploração e produção", disse o vice-presidente de logística, negociação de combustíveis e distribuição da Raízen, joint venture entre a produtora de etanol Cosan e a Royal Dutch Shell.
O presidente do Conselho de Administração da Cosan, Rubens Ometto, disse mais cedo neste mês que a companhia irá avaliar com cuidado ativos que a Petrobras eventualmente coloque à venda.
A Petrobras, altamente endividada e envolvida em um escândalo de corrupção, pretende levantar 15 bilhões de dólares com desinvestimentos até o final deste ano, sendo que 30 por cento desse valor deverá vir da venda de ativos de distribuição.
Embora a empresa não tenha divulgado em detalhes seus planos, fontes dizem que ela poderá vender o controle da BR Distribuidora, enquanto reportagens na mídia falam sobre possível desinvestimento em gasodutos.
"Toda a cadeia logística primária deve ser passada para investidores privados", disse Gadotti, referindo-se a áreas de armazenamento, gasodutos e terminais portuários.
Ele disse que a estrutura precisará ser modernizada para suportar o crescimento esperado nos volumes e obter ganhos de eficiência, com maior uso de dutos e trens em substituição a caminhões.
"Nós temos um desafio pela frente", disse José Augusto Dutra Nogueira, o chefe de operações da Ipiranga, segunda maior distribuidora de combustíveis do Brasil.
Nogueira disse que também será preciso expandir a capacidade dos portos para receber combustível importado em diversos Estados.
A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) prevê um forte aumento nas importações de produtos refinados assim que a economia voltar a crescer.
Projeções da agência apontam para importações atingindo 742 mil barris por dia em 2026, ante 323 mil em 2015, se não houver aumento da capacidade de refino no país.
O especialista da Universidade Federal de Itajubá, Luiz Augusto Horta, disse que novos investimentos em refino e em produção de etanol só virão quando o governo estabelecer uma política de preços dos combustíveis clara e previsível.