Caixa eletrônico: política mais agressiva de concessão de crédito pelos bancos estatais ofuscou parcialmente as vendas de títulos e ações domésticas no ano passado (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 14 de janeiro de 2014 às 17h34.
São Paulo - As ofertas de dívida no Brasil provavelmente vão se recuperar neste ano, impulsionadas pela crescente demanda por papéis de infraestrutura, num momento em que bancos estatais concedem menos crédito a empresas, afirmou nesta terça-feira a entidade que representa instituições do mercado de capitais, Anbima.
Uma política mais agressiva de concessão de crédito pelos bancos estatais ofuscou parcialmente as vendas de títulos e ações domésticas no ano passado, disse Marcio Guedes, diretor da Anbima. As vendas de papéis de renda fixa, como notas e títulos garantidos por ativos, caíram 22 por cento, para 127,35 bilhões de reais no ano passado, disse a Anbima.
Bancos privados e investidores de títulos poderiam aproveitar parte da queda nos desembolsos dos bancos estatais, disse Guedes. Seus comentários ocorrem enquanto representantes do governo reconheceram a necessidade de colocar freios nas instituições financeiras estatais, que no ano passado viram suas carteiras de empréstimos crescerem em um ritmo cinco vezes mais rápido que os rivais do setor privado.
"A agressividade dos bancos estatais criou um fluxo de crédito para as empresas que de alguma forma diminuiu a necessidade de emissões corporativas de dívida, mas como estamos vendo uma reversão parcial dessa tendência, uma recuperação das vendas de notas locais é provável", disse.
As principais agências de rating têm assumido um tom mais crítico sobre a nota da dívida soberana do Brasil, devido ao maior uso de instituições financeiras estatais para estimular a economia. O governo sabe que o uso de bancos estatais para financiar o crescimento pode levar a um rebaixamento de rating, disse Guedes.
O ano de 2013 foi misto para a atividade de mercado de capitais no Brasil. As vendas de títulos, valores mobiliários lastreados em ativos e ações totalizaram 151,244 bilhões de reais no ano passado, abaixo dos 178,295 bilhões de reais de 2012.
As empresas brasileiras colocaram 38,1 bilhões de dólares de dívida no mercado internacional em 2013, queda ante os cerca de 50,6 bilhões de dólares de 2012. Um dólar mais fraco não deve desencorajar as empresas de vender títulos nos mercados de dívida no exterior, e o risco de o real cair ainda mais é limitado, observou.
Em termos de vendas de ações no mercado de capitais local, os volumes e o número de transações aumentaram significativamente, mostraram os dados.
Em 2013, empresas e acionistas levantaram 23,89 bilhões de reais com vendas de ações, em comparação com os 14,3 bilhões de reais em 2012.
Guedes evitou dar previsões para a atividade no mercado de capitais local, mas salientou que mercado de IPO (oferta pública inicial de ações, na sigla em inglês), outrora efervescente no Brasil, pode não se recuperar tão rapidamente quanto alguns investidores esperavam, dado o sinal de fraco crescimento econômico.
Empresas dos setores de agronegócio, tecnologia da informação e telecomunicações devem liderar a atividade de IPOs, previu.