A votação definitiva do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, esperada para agosto, deve ser decisiva para o mercado apostar, ou não, em ganhos adicionais para os ativos brasileiros.
Só quando Michel Temer deixar de ser presidente interino o investidor saberá qual o verdadeiro poder e disposição do novo governo em tocar as reformas necessárias para recuperar a economia.
Antes de o Senado afastar Dilma em definitivo, dificilmente avançarão medidas de maior impacto fiscal, como a reforma da Previdência e a fixação do teto de gastos, pois medidas impopulares dependem de um governo com forte apoio no Congresso.
Por isso, os investimentos, sobretudo os de longo prazo, devem ficar em compasso de espera.
Embora as chances de retorno da presidente afastada sejam consideradas muito baixas, o mercado quer “o teste de São Tomé”, diz Rodrigo Borges, chefe de renda fixa na Franklin Templeton Invest Brasil. “Os investidores querem um governo que não seja interino.”
A forte queda do risco Brasil, de mais de 500 pontos no início do ano para cerca de 320 atualmente, foi um sinal de que o mercado deu o “benefício da dúvida” ao novo governo.
A indicação de nomes de peso para a equipe econômica e comandos das principais estatais por Temer ajudou a assegurar a confiança dos investidores, apesar do noticiário ainda negativo sobre contas públicas e das turbulências políticas. “A equipe é comprometida com o ajuste fiscal”, afirma Borges.
Definido o impeachment, e sem maiores turbulências no cenário externo, o mercado brasileiro pode ter ganhos adicionais, segundo o executivo da Templeton.
A bolsa, normalmente mais sensível à expansão da economia, seria o segmento com maior espaço para andar com a expectativa de fim da recessão.
Quanto ao dólar, a queda dos últimos meses já repercutiu o afastamento temporário de Dilma e as perspectivas iniciais com o governo Temer. Porém, Borges não acredita que exista um “piso” para a moeda e vê condições para quedas adicionais se o impeachment passar definitivamente.
O dólar poderia até ficar abaixo de R$ 3,00, mas para isso, além de o impeachment passar e de o cenário externo o ajudar, é preciso que sejam aprovadas as reformas.
Borges lembra que não é apenas o real que tem se fortalecido recentemente.
A forte queda dos rendimentos dos títulos nos países desenvolvidos após a saída do Reino Unido da União Europeia favorece as moedas de países emergentes em geral, diz o executivo.
“As políticas monetárias dos principais BCs vão ficar frouxas por muito tempo.”
As taxas de juros podem ser o segmento de mercado com menor espaço para andar diante do compromisso do Banco Central em conter a inflação.
Rodrigo Borges diz que está mais conservador do que a média do mercado em relação à possibilidade de corte da Selic e só espera reduções entre o final de 2016 e o início de 2017.
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1. Ações
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1/12 (REUTERS/Bruno Domingos/Files)
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2. Banco do Brasil (BBAS3)
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2/12 (Divulgação/Banco do Brasil)
Avaliação da Gradual: "Controlado pelo Estado, acredito que apresente o maior rali dos bancos em caso de impeachment, apresentando os múltiplos mais descontados do setor, especialmente por sua gestão estatal."
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3. BM&FBovespa (BVMF3)
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3/12 (BM&FBovespa/Divulgação)
Avaliação da Gradual: "Acredito que o ativo também tende a ser muito beneficiado pelas expectativas melhores dos ativos brasileiros e de crescimento de volume de investimentos estrangeiros em caso de troca de governo."
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4. Cemig (CMIG4)
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4/12 (Divulgação/Divulgação)
Avaliação da Gradual: "O ativo se desvalorizou com as incertezas sobre o setor após a perda da concessão de 3 usinas (São Simão, Jaguara e Miranda), que não foram renovadas em 2012. Uma troca de governo, com maior clareza de regras ao setor, pode beneficiar a companhia a recompor esta capacidade perdida com retornos mais competitivos."
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5. Copel (CPLE6)
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5/12 (Divulgação)
Avaliação da Gradual: "Controlada pelo estado do Paraná, a companhia apresenta múltiplos bem interessantes e oportunidades no curto prazo, e um processo de impeachment potencializaria esta oportunidade."
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6. Eletrobras (ELET6)
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6/12 (Adriano Machado/Bloomberg)
Avaliação da Gradual: "O ativo tende a ser muito beneficiado em caso de troca de governo, que deve acelerar a privatização de algumas de suas distribuidoras. Além disso, a companhia já não vem sendo mais participante em todos leilões de geração e transmissão (atuava praticamente como uma segurança do governo, que mesmo se o leilão não fosse benéfico para a companhia, a companhia arrematava por conta de necessidades do governo), e esta tendência deve sessar no caso estudado, abrindo espaço para maior valorização e rentabilização dos seus ativos."
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7. Gerdau Metalúrgica (GOAU4)
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7/12 (Gerdau SA/via Bloomberg News)
Avaliação da Gradual: "A companhia que controla a Gerdau apresenta fortes quedas com a retração da demanda do setor, porém em um momento de maior otimismo tende a apresentar forte valorização."
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8. Kroton (KROT3)
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8/12 (Germano Lüders/EXAME)
Avaliação da Gradual: "O setor educacional tende a continuar a apresentar recuperação em caso de troca de governo, podendo ter mais clareza de regras e menores interferências, além de mais recursos provenientes de programas federais de incentivo a educação."
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9. Petrobras (PETR4)
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9/12 (Bloomberg)
Avaliação da Gradual: "A companhia tende a apresentar um forte rali, já que os casos de corrupção e a política de combustíveis da companhia estão muito atreladas ao governo atual, o que seria uma oportunidade de curto prazo em caso de mudança do governo."
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10. Sabesp (SBSP3)
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10/12 (SABESP/Divulgação)
Avaliação da Gradual: "A companhia apresentou fortes quedas com a crise hídrica, porém acredito que já tenha oportunidade para recuperações adicionais também em caso de impeachment e com as maiores chuvas esperados no próximo verão."
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11. Triunfo Participações (TPIS3)
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11/12 (Divulgação)
Avaliação da Gradual: "É a companhia do setor de concessões (atua em rodovias, portos e aeroportos) que apresenta os múltiplos mais descontados no momento, em processo de redução de endividamento e com fluxos de caixa futuros muito estáveis."
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12. Veja agora as empresas que mais ganharam valor na América Latina e EUA
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12/12 (Thinkstock)