Economia

Mendonça de Barros critica estímulo oficial ao consumo

Para o ex-ministro das Comunicações e CEO da Quest Investimentos, o governo tem que aumentar os investimentos nos próximos anos


	Segundo Luiz Carlos Mendonça de Barros, a sociedade brasileira está bastante endividada e, nos próximos seis meses, o consumo vai ser afetado
 (Germano Lüders/EXAME.com)

Segundo Luiz Carlos Mendonça de Barros, a sociedade brasileira está bastante endividada e, nos próximos seis meses, o consumo vai ser afetado (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2013 às 14h51.

São Paulo - O ex-ministro das Comunicações e CEO da Quest Investimentos, Luiz Carlos Mendonça de Barros, disse, nesta quinta-feira, 27, que o governo precisa analisar melhor os estímulos que tem dado ao consumo e aumentar os investimentos nos próximos anos. "Se fizer isso, o Brasil vai crescer 2,5%, 3% nos próximos seis anos. Se não fizer, não vai crescer nem nesse nível."

Segundo ele, a sociedade brasileira está bastante endividada e, nos próximos seis meses, o consumo vai ser afetado, uma vez que todo mundo terá de "apertar o cinto" para pagar o cheque especial e normalizar suas dívidas. Por isso, segundo ele, "vamos repetir o terceiro ano de crescimento fraco e inflação alta".

Mendonça de Barros disse em sua palestra, intitulada "Brasil: o fim de um modelo ou um ajuste cíclico?", que o momento que o País vive hoje não é de absoluta normalidade na economia nem o fim de um modelo. "Vivemos o normal de um ciclo de economia de mercado como a nossa. Estamos no fim de um ciclo que ocorre nos últimos seis, sete anos."

'Surpresa'

O ex-ministro fez um breve histórico da situação econômica recente.

Ele disse que houve uma "surpresa" com o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que manteve os pressupostos básicos da gestão da economia feitos no governo anterior ao dele, de Fernando Henrique Cardoso, e que Lula herdou em seu período uma situação externa muito favorável, enquanto o País tinha capacidade ociosa - "o desemprego no Brasil era 12% da força de trabalho" - e a sociedade não tinha crédito.


Para Mendonça de Barros, com a manutenção das bases econômicas do governo Fernando Henrique mantidas no governo Lula, a sociedade brasileira aumentou seu rendimento médio e entrou em um novo padrão de consumo.

O economista disse que, antes do Plano Real, 35% dos brasileiros estavam nas classes A, B e C, definidas por ele como as que têm carteira assinada, acesso a crédito e a mecanismos sociais, como fundo de desemprego, e 65% estavam nas classes D e E, que não possuem esses benefícios. "Hoje o Brasil é oposto disso, com 67% nas classes A, B e C e 33% nas classes D e E."

No entanto, de acordo com o ex-ministro, as famílias brasileiras estão muito endividadas atualmente, "da dimensão de uma família americana". "Mais de 23% da renda mensal das famílias são gastos para pagar juro ou amortizar empréstimo."

Investimentos

O economista criticou a falta de investimentos no governo Lula, porém argumentou que isso foi não foi tão sentido porque o preço das commodities subiu 40% no governo dele e havia capacidade ociosa. "Agora, a capacidade de ociosidade desapareceu, e a presidente Dilma (Rousseff) não percebeu isso. Ela reagiu tentando estimular o consumo, de maneira que a inflação apareceu."

Segundo ele, as eleições do próximo ano são uma oportunidade para que surja uma proposta de saída dessa "armadilha cíclica", a fim de que o País volte a crescer. Mendonça de Barros deu as declarações durante o evento Aero Brasil 2013, sobre o setor aeroportuário brasileiro, em São Paulo.

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