Economia

Membros da UE disputam agências que deixarão Londres após Brexit

Agência Europeia de Medicamentos e a Autoridade Bancária Europeia terão de embalar suas coisas com suas centenas de funcionários e suas famílias

Brexit: países-membros lutam para receber as agências e aproveitar os benefícios econômicos associados (Dan Kitwood/Getty Images)

Brexit: países-membros lutam para receber as agências e aproveitar os benefícios econômicos associados (Dan Kitwood/Getty Images)

A

AFP

Publicado em 20 de novembro de 2017 às 10h02.

Os europeus devem decidir nesta segunda-feira o destino das agências da UE que deverão deixar Londres por causa do Brexit, durante uma votação imprevisível em Bruxelas.

Este é um dos efeitos colaterais do divórcio com o Reino Unido: a Agência Europeia de Medicamentos e a Autoridade Bancária Europeia, localizadas no distrito comercial de Canary Wharf, terão de embalar suas coisas com suas centenas de funcionários e suas famílias.

Entre os 27 Estados-membros, os candidatos lutam para recebê-las e aproveitar os benefícios econômicos associados, correndo o risco de destruir a unidade que a UE quer exibir desde que os britânicos anunciaram sua partida, prevista para 2019.

Atrás das cortinas, "há barganhas inacreditáveis", de acordo com uma fonte diplomática. Vários governos tentam obter o apoio de outros países na votação que acontece na tarde desta segunda-feira, à margem de uma reunião ministerial.

A casa de apostas Ladbrokes apontava como favoritos Bratislava e Milão para hospedar a Agência de Medicamentos (EMA) e Frankfurt e Viena para a Agência Bancária (EBA).

Mas o voto, secreto, dificulta as previsões.

27 candidatos

Os diplomatas têm comparado a votação à competição de música Eurovision, cujo voto final se tornou um ritual anual com resultados às vezes surpreendentes.

No total, 19 cidades foram propostas para hospedar a Agência de Medicamentos e seus quase 900 funcionários, responsáveis ​​pela avaliação e supervisão de medicamentos. Amsterdã, Bonn, Barcelona, ​​Bratislava, Helsink, Milão e Lille estão entre os competidores.

A lista é mais curta para a Agência Bancária, conhecida pelo estresse provocado nos bancos europeus. Oito candidatos, incluindo Frankfurt, Paris e Luxemburgo, candidataram-se para hospedá-la com cerca de 170 funcionários.

Cidades como Dublin, Bruxelas, Varsóvia e Viena são candidatas para ambas as agências.

A Comissão Europeia realizou uma avaliação das candidaturas no final de setembro, com base em critérios como acessibilidade dos escritórios ou perspectivas de emprego para os cônjuges.

Mas não formulou preferências, e os Estados-membros serão livres para votar como desejarem.

"Os critérios de escolha não serão apenas relacionados às qualidades intrínsecas de uma candidatura particular", admitiu a ministra francesa dos Assuntos Europeus, Nathalie Loiseau, reconhecendo a dimensão política do exercício.

Esta perspectiva preocupa o pessoal das agências em questão. A dos medicamentos advertiu em um relatório que uma má escolha poderia resultar em "uma taxa de retenção de funcionários bem abaixo de 30%", o que ameaçaria suas operações.

Nenhuma cidade é citada, mas de acordo com vazamentos na imprensa, Bratislava, Varsóvia, Bucareste e Sofia estariam entre as cidades menos populares.

Por sua vez, os Estados-membros realizam campanhas para exaltar os méritos de suas candidatas.

O governo irlandês disse que está disposto a contribuir com 78 milhões de euros por 10 anos para os custos das instalações. Em Viena, o município vai subsidiar um berçário, enquanto em Milão os funcionários também teriam acesso a uma academia.

Reagindo aos vazamentos na imprensa, o governo italiano negou ter proposto aumentar seus contingentes militares nos países bálticos como moeda de barganha para favorecer a candidatura de Milão.

A França rejeitou as especulações sobre uma possível renúncia à sede do Parlamento Europeu em Estrasburgo em troca da recepção da Agência de Medicamentos.

A votação é complexa: na primeira rodada, cada país terá seis pontos para dar para cada agência. Três para sua primeira escolha, dois para sua segunda escolha e um para sua terceira opção.

Serão possíveis até três rodadas, cada uma com regras diferentes e intervalos programados, durante os quais os ministros poderão consultar sua capital.

O número de pontos obtidos pelos vários candidatos não será publicado de antemão.

Acompanhe tudo sobre:BrexitReino UnidoUnião Europeia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto