Economia

Meirelles encontra deputados para garantir reforma da Previdência

Meirelles defendeu que a criação de uma espécie de "escadinha" para o regime de transição penalizaria de maneira excessiva os mais velhos

Meirelles: "Uma reforma da Previdência que seja tão diluída, para não criar muita resistência, também não resolve o problema. E não resolvendo o problema, é melhor não enfrentar o problema" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Meirelles: "Uma reforma da Previdência que seja tão diluída, para não criar muita resistência, também não resolve o problema. E não resolvendo o problema, é melhor não enfrentar o problema" (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Reuters

Publicado em 8 de março de 2017 às 16h55.

Brasília - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deu sequência nesta quarta-feira a um corpo a corpo junto a deputados para tentar garantir a aprovação da reforma da Previdência sem grandes desfigurações sobre o texto formulado pela equipe econômica, em meio a resistências dos parlamentares sobre pontos diversos do texto.

Em reunião com a bancada do PSD na Câmara dos Deputados nesta manhã, o ministro repetiu apresentação que já tinha feito na noite passada aos parlamentares do PMDB com o intuito de convencê-los sobre a urgência da pauta. Ele destacou que a mudança nas regras atuais "não é uma opção, mas uma necessidade".

"Uma reforma da Previdência que seja tão diluída, para não criar muita resistência, também não resolve o problema. E não resolvendo o problema, é melhor não enfrentar o problema", afirmou o ministro.

Após se encontrar com o PRB no início da tarde, Meirelles defendeu que a criação de uma espécie de "escadinha" para o regime de transição penalizaria de maneira excessiva os mais velhos.

Também disse que diminuir a idade mínima de aposentadoria para mulheres implicaria necessariamente aumentá-la para homens, o que não considera viável.

"Vamos supor: mulher vai se aposentar aos 60. Perfeitamente, não tem problema. Homem, no entanto, vai ter que ser, para compensar, aos 71 ou um pouco mais. Aí você já começa a se aproximar muito da média de vida dos brasileiros", afirmou.

Presente no encontro, o vice-líder do PRB na Câmara João Campos (GO) disse que a bancada fez indagações ao ministro principalmente sobre o tratamento dado às mulheres e sobre as mudanças na previdência rural.

Da forma como enviada pelo governo, a reforma iguala as idades mínimas de aposentadoria para homens e mulheres, e a de trabalhadores rurais e urbanos, todos aos 65 anos.

Segundo Campos, os parlamentares seguem levantando a necessidade de "tentar buscar outras alternativas para corrigir o déficit da Previdência".

Para o deputado Jefferson Campos (PSD-SP), o governo terá "muita dificuldade" em aprovar a proposta original, já que ainda há grande resistência em relação à idade mínima e ao modelo de transição.

"Não vejo entre meus pares, mesmo de outras bancadas, essa boa vontade", afirmou ele, que também é vice-líder do partido na Casa.

"Mesmo no partido não vejo essa unidade não. Talvez hoje 50 por cento do partido não esteja alinhado em acompanhar (o governo)", acrescentou o parlamentar.

Ainda nesta quarta-feira, Meirelles tem encontro marcado com a bancada do PP.

A alteração nas regras para aposentadoria vem enfrentando dificuldades mesmo entre deputados da base aliada, levando o Executivo e líderes governistas a se movimentarem para afinar o discurso e definir se e quais mudanças poderão ocorrer no texto da proposta.

Nesta manhã, Meirelles ressaltou a importância da Previdência rural integrar a reforma, já que tem apresentado déficit crescente.

O ministro também destacou que, sem a reforma, os demais gastos sociais serão expressivamente comprimidos pelos previdenciários nos próximos anos em função do teto de crescimento para as despesas públicas.

"A reforma da Previdência é a única forma de nós termos um orçamento manejável. Caso contrário, vamos perder o controle dessa situação", disse.

A proposta enviada pelo governo ao Congresso Nacional prevê que somente homens com mais de 50 anos de idade e mulheres com mais de 45 poderão entrar num regime de transição, pelo qual terão que pagar um pedágio de 50 por cento sobre o tempo faltante para a aposentadoria.

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