Economia

Meirelles: economia brasileira está em processo de retomada

O ministro da Fazenda destacou, em sua participação durante a conferência do G20, que o governo atual está mais aberto ao mercado internacional

Meirelles: o ministro da Fazenda salientou que o sistema financeiro no Brasil é "sólido e seguro" (Paulo Whitaker/Reuters)

Meirelles: o ministro da Fazenda salientou que o sistema financeiro no Brasil é "sólido e seguro" (Paulo Whitaker/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 16 de março de 2017 às 13h48.

Frankfurt - Após dois anos de recessão, a economia brasileira está em processo de retomada, de acordo com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Ele fez a afirmação nesta quinta-feira, 16, durante Conferência do Instituto Internacional de Finanças (IIF) sobre o G-20 (grupo que reúne as 20 economias mais avançadas do globo), em Frankfurt: "A agenda do G-20 sob a presidência da Alemanha".

Os investimentos, de acordo com ele também estão apresentando sinais de melhora por causa da recuperação da atividade.

Ele explicou também que o Brasil está lançando um grande programa de desenvolvimento e citou como exemplo o leilão de concessão de mais quatro aeroportos, que, segundo o ministro, estão indo dentro das expectativas do governo.

"É evidente que o governo anterior queria fazer investimento em infraestrutura, mas queria também controlar o retorno dos investimentos", comparou Meirelles.

Para ele, o governo passado apresentava um "viés muito intervencionista", principalmente na infraestrutura. O governo atual de Michel Temer, de acordo com ele, tem uma postura diferente, mais pró-mercado. Além disso, ele destacou que o governo atual está mais aberto ao mercado internacional.

Oportunidades

O ministro da Fazenda destacou também que as coisas voltaram a se "mover bem" no Brasil e que o País oferece boas oportunidades para explorar.

"Existe uma preocupação mundial sobre o impacto da globalização, mas o Brasil não é um dos vencedores nem dos perdedores da globalização. Esteve um pouco fora da globalização, mas agora estamos revertendo o movimento", disse.

Durante o evento em Frankfurt, ele ressaltou que, mesmo durante os dois anos de recessão, o Brasil continuou a ser um importante destino de Investimento Direto no País (IDP).

"Nossa posição no Brasil é de uma economia aberta e vamos começar conversações com outros países e em com grupos de países para melhorar as negociações", afirmou, citando que as relações entre Mercosul e União Europeia estavam deixadas de lado e que agora vão melhorar.

O ministro teve um painel exclusivo de 45 minutos durante o evento. O mesmo espaço foi dado no encerramento, na quarta-feira, do primeiro dia de atividades ao ministro das Finanças da África do Sul, Pravin Gordham, e também seria concedido aos titulares da mesma pasta da Alemanha, Wolfgang Schäuble, e do Canadá, William Morneau nesta quinta-feira.

Importância do G-20

Meirelles enfatizou que a reunião financeira do G-20 é atualmente o fórummais importante de discussões para os mercados emergentes. Segundo ele, este é o momento adequado para que sejam feitas discussões aberta sobre alguns itens específicos, como tributação e regulamentação financeira, por exemplo.

Ressaltou, no entanto, que não se pode esperar uma grande decisão do encontro porque esta não é a meta do grupo. "Seria uma frustração" resumiu, citando que o local adequado para decisões é o Comitê de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês).

O importante do G-20, de acordo com ele, é o processo de discussão e orientações de temas. "Sob essa perspectiva, o G-20 é muito importante", afirmou.

Sistema financeiro

O ministro da Fazenda salientou que o sistema financeiro no Brasil é "sólido e seguro". "O sistema financeiro no Brasil não traz preocupações sobre crises financeiras ou de crédito, como no passado", enfatizou.

Ele destacou também durante o evento que a recessão dos últimos dois anos foi "a maior de todas na História". Segundo Meirelles, os bancos têm como papel ajudar o Brasil a sair da recessão porque estão saudáveis financeiramente. "Esta é uma das chaves da recuperação no Brasil", disse.

Crédito

Segundo Meirelles, a expansão do mercado de crédito que existiu no passado no Brasil ocorreu como resultado "natural" da tendência de crescimento da economia do País, mas não foi fruto da flexibilização da política monetária ou de estímulos de políticas monetárias.

"Apenas agora, depois de muitos anos, a política monetária se tornou mais flexível", disse, acrescentando que há espaço para os juros caírem mais, como já adiantou o Banco Central em documentos e pronunciamentos.

A expectativa, de acordo com ele, é de expansão do mercado de crédito no Brasil.

China

Sobre a China, Meirelles afirmou que se trata de um país importante para todo o mundo e, em especial, para nações como o Brasil. Isso porque, de acordo com ele, grande parte das exportações domésticas têm o país como destino.

O ministro salientou que a atividade do país diminuiu a intensidade de passado, mas que já tem sinais de reaceleração. "Não vemos mudanças dramáticas", considerou.

Decisão do Fed

Sobre a decisão do Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) de normalizar a situação monetária do país, o ministro avaliou que o movimento não traz uma "mudança substancial" para o Brasil porque o fluxo não se alterou muito. Segundo ele, a recuperação doméstica mais que compensa qualquer redação de fluxo de capital.

Além disso, ele salientou que as taxas no Brasil ainda estão em um nível bastante elevado, o que não deixa de ser uma atratividade para investidores estrangeiros.

Argentina e Venezuela

O ministro da Fazenda afirmou também que o Brasil está melhorando sua integração com a Argentina. Ele disse que o presidente Mauricio Macri esteve no País com sua equipe recentemente.

"Tivemos uma proveitosa conversa entre os dois governos. A ideia é ampliar a integração, e vamos fazer isso", afirmou. Ele acrescentou, por exemplo, que houve recuperação de acordos que estavam praticamenteparalisados, como o do setor automotivo.

Perguntado sobre a Venezuela, ele explicou que o país deseja fazer parte do Mercosul e, como o Brasil é o líder na região, impôs uma condições para que isso ocorra.

"Há uma grande diferença entre os dois países para o Brasil", disse, em relação à Argentina e à Venezuela.

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