João Doria e Henrique Meirelles (Governo do Estado de São Paulo/Flickr)
Estadão Conteúdo
Publicado em 19 de abril de 2022 às 16h29.
Última atualização em 19 de abril de 2022 às 16h29.
O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles defendeu nesta terça-feira, 19, a privatização do Banco do Brasil e acrescentou que já chegou a discutir o assunto com o ex-governador de São Paulo e atual pré-candidato à Presidência da República pelo PSDB João Doria.
Meirelles, que participou de webinar organizada pela CM Capital, disse que não faz sentido o governo federal manter duas grandes instituições financeiras nos portes de Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Quer saber tudo sobre a corrida eleitoral de 2022? Assine a EXAME e fique por dentro.
Ainda de acordo com o ex-ministro, que no começo deste mês deixou o cargo de secretário de Fazenda do Estado de São Paulo para poder concorrer a algum cargo eletivo, sinalizou que privatizar o BB seria mais fácil por se tratar de uma instituição que tem grande quantidade de ações espalhadas pelo mercado.
"Não faz sentido o governo federal ter duas grandes instituições financeiras", disse o ex-ministro durante sua apresentação.
Meirelles também defendeu a privatização do que ele chamou de "as grandes estrelas", como a Eletrobras, por exemplo.
Segundo Meirelles, num cenário em que o Banco do Brasil fosse privatizado, a Caixa Econômica Federal seria levada a focar suas atividades em ações sociais.
Ele defendeu que um governo eleito com a força popular sempre reúne condições de no primeiro ano de governo discutir programas consistentes de reformas e privatizações com o Congresso.
Meirelles disse não ver nos dois candidatos que lideram as intenções de votos (ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro) disposição clara por reformas.
Com relação ao petista, Meirelles disse que ninguém sabe exatamente qual Lula, caso seja eleito, será o presidente do Brasil; se o do primeiro mandato petista, o do segundo ou o que se viu durante o mandato de sua sucessora, Dilma Rousseff.
"Na verdade nem o próprio Lula sabe como ele será à frente da Presidência da República", disse o ex-ministro que presidiu o Banco Central na gestão do petista.
Para Meirelles, apesar de Lula ter falado para correligionários que pretende desmontar as travas fiscais, como o teto de gastos, por exemplo, não é de se duvidar que, depois de eleito Lula, assuma uma postura séria em prol de uma política fiscal austera.
"Ele já fez isso", disse Meirelles acrescentando que, com relação a Bolsonaro, caso seja reeleito, é preciso ver se ele vai realmente passar a governar.
Meirelles falou ainda sobre a inflação, que carrega muito do aumento dos preços das commodities, embora o câmbio tenha mostrado alguma apreciação, como ocorreu durante sua gestão à frente do Banco Central.
Naquele momento, disse Meirelles, o BC tinha como um de seus focos controlar o câmbio e, por isso, passou a comprar dólares e a reforçar as reservas cambiais.