Meirelles: o ministro se posicionou a favor do projeto de autonomia para o BC (Denis Balibouse/Reuters)
Reuters
Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 20h50.
Brasília - A decisão do governo de abandonar a reforma da Previdência para decretar uma intervenção na segurança pública no Rio de Janeiro provocará um impacto fiscal negativo de 18 bilhões a 19 bilhões de reais no ano que vem, disse nesta quinta-feira em entrevista à rádio CBN o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Mais cedo, em outra entrevista à rádio Itatiaia, o ministro afirmou que não reformar a Previdência neste ano exigirá um corte de despesas em outras áreas da administração pública no mesmo montante do que seria economizado com a mudança nas regras de aposentadoria.
À CBN, o ministro reforçou que o crescimento da economia levará a um aumento da arrecadação, auxiliando as contas públicas.
No início da semana, o governo federal abandonou a ideia de negociar a reforma da Previdência e apresentou um plano B legislativo com 15 medidas microeconômicas e de aumento da produtividade da economia, entre elas a autonomia do Banco Central e a privatização da Eletrobras.
O ministro da Fazenda defendeu à Itatiaia a importância de que a alteração das regras previdenciárias volte à mesa assim que terminar o período de intervenção.
"De fato temos que aguardar o encerramento da intervenção que, espera-se, pode até ocorrer quem sabe a tempo de votar a Previdência ainda esse ano", disse.
Questionado sobre projeto de autonomia para o Banco Central, que faz parte do plano B de mudanças legislativas apresentado pelo governo, Meirelles se posicionou a favor da ideia. Ele destacou que isso permitiria ao BC implementar sua política de forma independente, com maior credibilidade, conseguindo controlar a inflação com maior eficácia e taxa de juros mais baixa.
O ministro também defendeu a opção do governo pela intervenção como "absolutamente necessária", com o presidente Michel Temer agindo "no melhor interesse público".
Ainda à Itatiaia, o ministro também negou que a Pasta estude aumento de tributos para financiar a segurança pública.
"Não há a menor possibilidade de fazer isso (criação de imposto de segurança). Isso não está em estudo no governo, não está em estudo no Ministério da Fazenda", disse.
Em relação à candidatura à Presidência da República, o ministro voltou a dizer que tomará uma decisão a respeito até abril. Quando perguntado se toparia continuar à frente da Fazenda num próximo governo, ele sinalizou que descartaria eventual convite.
"Eu acho que essa etapa do ministro da Fazenda é uma etapa cumprida, como eu tive lá atrás, também fui oito anos presidente do BC", disse.
"Estamos agora contemplando essa nova etapa de uma possível candidatura a presidente da República, que eu não estou pensando nisso agora, como tenho dito. Mas certamente dentro de 40 dias, um pouco mais, estaremos tomando essa decisão de continuar o serviço público, mas aí ampliando bastante o escopo de ação e podendo colaborar com o país, servir o país de uma forma mais eficaz, mais abrangente", acrescentou.