As flutuações no Brasil diminuíram desde maio, quando, pela primeira vez durante a presidência de Tombini, o Copom elevou a taxa básica de juros acima do que os analistas previam (Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 17 de julho de 2013 às 12h11.
São Paulo – O presidente do Banco Central do Brasil, Alexandre Tombini, está se tornando mais previsível ao mostrar pela primeira vez desde que assumiu o cargo uma disposição maior por combater a inflação do que por estimular o crescimento econômico.
A volatilidade em 60 dias dos contratos de dólares para janeiro 2014 caiu esta semana para o nível mais baixo desde 2 de abril, submergindo após decisão adotada em maio pelo Banco Central, de duplicar o ritmo de aumento da taxa de juros. No México, a volatilidade para o mesmo contrato, de janeiro de 2014, rondou, nesta semana, o maior patamar em 13 meses.
As flutuações no Brasil diminuíram desde maio, quando pela primeira vez durante a presidência de Tombini, o Copom (Comitê de Política Monetária) elevou a taxa básica de juros acima do que os analistas previam.
O comitê aumentou a Selic em 0,5 pontos pela segunda vez consecutiva, coincidindo com as estimativas de todos os 51 economistas ouvidos pela Bloomberg.
Nas duas últimas reuniões, o comitê usou quase a mesma linguagem para enfatizar que iria deixar a inflação mais perto da meta, com alta da taxa básica, em vez de se concentrarem em reverter a desaceleração econômica.
"Houve uma mudança clara entre o início do ano e agora", disse de Madri, por telefone, Enestor Dos Santos, principal economista do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria SA e que lidera os acertos sobre as decisões do Copom em um histórico de dois anos acompanhado pela Bloomberg.
"No início do ano, o mercado viu o Banco Central preocupado com a inflação, o crescimento e mantendo a taxa de juros baixa. Hoje, o BC está preocupado com a inflação".
Em junho, a inflação anual subiu de 6,5 por cento em maio para 6,7%, registrando a maior alta desde outubro de 2011.
Volatilidade da taxa
A assessoria de imprensa do BC disse que o banco não iria comentar a estratégia do Copom ou a volatilidade dos DIs.
"O mercado ficou alinhado com a nova realidade de ajustes da política monetária", disse Diego Donadio, estrategista para a América Latina, do Banco BNP Paribas Brasil SA, por telefone de São Paulo. "A última decisão da taxa não foi uma surpresa. Isso ajudou a reduzir a volatilidade".
O Brasil vai garantir que o ritmo de aumentos de preços ao consumidor desacelere no segundo semestre do ano, disse Tombini aos senadores, em 18 de junho. Em seu relatório trimestral de inflação, publicado nove dias depois, o Banco Central disse que o aumento de preço dos alimentos, combustíveis e tarifas públicas teria contribuído para a deterioração da confiança do consumidor e dos negócios.
Embora as circunstâncias locais cumpram um papel nos movimentos da taxa de swap, a economia global tem provocado a diminuição da volatilidade do Brasil, de acordo com Marcelo Salomon, um dos chefes de economia para América Latina, do Barclays Plc.
As oscilações de swap caíram em relação a maio, quando o presidente da Reserva Federal, Ben S. Bernanke, sinalizou a possibilidade de descontrair o estímulo monetário, disse ele.
Fatores externos
"Os fatores externos pesam mais do que qualquer outra coisa", disse Salomon, por telefone, de Nova York. "O mercado está entendendo que ajustar não é apertar. Os mercados estão se estabilizando em um novo nível. É normal que a volatilidade caia".
Os responsáveis pelas políticas estavam mais focados em estimular a economia no ano passado, o PIB cresceu em ritmo mais lento entre os países emergentes do BRIC, que também está composto por Rússia, Índia e China. A diretoria do Banco Central do Brasil reduziu a taxa de referência, no ano passado, para um recorde de baixa de 7,25 por cento.
"O Banco Central está vigilante e vai fazer o que for preciso, de forma oportuna, para colocar a inflação em trajetória declinante", disse Tombini a um comitê do Senado, em 18 de junho.
A ênfase do conselho sobre a desaceleração da inflação desde maio tem sido uma constante e faz a política do Banco Central mais previsível, de acordo com Neil Shearing, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics Ltd.
"Há menos incerteza no mercado sobre a trajetória futura das taxas", disse ele por telefone de Londres.