Mantega: "a desvalorização cambial também pressionou a inflação e, por decorrência, taxas de juros. Agora temos estabilidade", disse ele, sobre as ações do Fed (José Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 28 de agosto de 2014 às 14h26.
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira, 28, durante a divulgação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2015 que o crescimento da economia no próximo ano "certamente" será maior que o avanço que ocorrerá neste ano.
"Vai haver mudança fundamental de cenário, onde os problemas fundamentais que tivemos no início deste ano não vão se repetir", disse. O ministro enumerou três problemas: o cenário internacional, a turbulência no mercado causada pelas ações do Federal Reserve, além da seca.
Mantega lembrou que não houve no cenário internacional a melhora esperada pelo analistas. "A recuperação da economia mundial esta sendo mais lenta do que os analistas previam. Talvez com exceção dos EUA, que estão com recuperação um pouco mais sólida", disse. "Os países europeus ainda estão patinando, mas terão um ano a mais para começar a recuperar", disse.
Além do fator economia externa, Mantega lembrou dos impactos da seca no Brasil. "Tivemos uma seca que afetou principalmente os preços da energia e que causou, portanto, pressão inflacionaria, principalmente sobre alimentos", disse, para, em seguida emendar com a turbulência nos mercados emergentes causada pelas ações do Fed.
"A maioria dos emergentes teve desvalorização cambial", disse. "Isso significa que a desvalorização cambial também pressionou a inflação e, por decorrência, taxas de juros. Agora temos estabilidade".
O ministro argumentou que a questão do Fed já foi absorvida e que temos estabilidade cambial há vários meses. "O real já se valorizou e diminuiu pressão inflacionária", disse.
Política monetária
Essas situações citadas pelo ministro o fez lembrar também que tal cenário levou a uma política monetária "mais severa, muito severa", porque "o governo não brinca com inflação". "Para garantir que ela (inflação) permanecesse sob controle e ela permaneceu, foi feita política monetária restritiva, que reduziu o crédito", afirmou, acrescentando que há diminuição da expansão do crédito livre.
"Isso foi resposta a essa situação que também causou redução da atividade econômica no primeiro semestre", disse. Antes, Mantega disse que houve "contração" e depois se corrigiu: "a atividade cresceu menos do que poderia". O ministro concluiu dizendo que houve então expansão menor da economia do primeiro semestre em função desses problemas, que são "conjunturais e passageiros".
"No primeiro semestre do próximo ano não teremos seca. Não dá para imaginar dois ou três anos seguidos uma seca do tamanho que tivemos", afirmou. "Felizmente tínhamos feito muito investimento de energia, de modo que a oferta de energia cresceu muito e não temos e não teremos problemas de oferta de energia".
Tropeço
Ao citar o novo valor previsto para o salário mínimo em 2015, de R$ 788,06, Mantega se equivocou e acrescentou a palavra "mil" ao final. Os jornalistas que acompanham a divulgação do PLOA aplaudiram o ministro, que, avisado, brincou com o seu erro: "Tem muito jornalista que ganha salário mínimo, não é".