O ministro da Fazenda, Guido Mantega: Mantega declarou que ele eliminaria um imposto de 6% sobre as compras de títulos domésticos por parte dos estrangeiros (Abr)
Da Redação
Publicado em 3 de fevereiro de 2014 às 13h49.
O Ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, não está conseguindo acalmar os detentores de títulos sobre os riscos de investir dentro do Brasil, pois seus títulos locais possuem o maior rendimento em oito meses comparados a valores similares vendidos fora do País.
A brecha entre os rendimentos da dívida do Brasil em moeda local com vencimento em 2023 e suas notas globais denominadas em reais com vencimento em 2024 superou 3 pontos porcentuais na semana passada pela primeira vez desde maio.
Pouco antes daquele pico, no começo de junho, Mantega declarou que ele eliminaria um imposto de 6 por cento sobre as compras de títulos domésticos por parte dos estrangeiros, o que ajudou a levar a brecha para um recorde negativo sete semanas mais tarde.
Desde então, os rendimentos subiram à medida que o pessimismo sobre a gestão econômica do Brasil se aprofundou, disse Michael Roche, estrategista de mercados emergentes do Seaport Group LLC. Os detentores dos títulos locais continuam vulneráveis a mudanças na política, disse ele.
“Há implicações regulatórias e de risco político”, disse Roche em entrevista por telefone. “A pessoa ficaria sujeita aos caprichos e fantasias dos incentivos e desincentivos das políticas para investidores estrangeiros”.
Em outubro de 2009, Mantega impôs o imposto sobre aquisições de títulos locais para investidores estrangeiros para reduzir a pressão ascendente sobre o real. Em julho de 2011, ele implementou um imposto de 1 por cento sobre as apostas contra o dólar no mercado de futuros, e em março de 2012 ele estabeleceu um imposto de 6 por cento sobre alguns empréstimos externos.
Reduzindo impostos
No ano passado, Mantega começou a reduzir os impostos depois que o real afundou pela preocupação com que a redução do estímulo monetário nos EUA e na Europa faça com que o capital passe dos mercados emergentes para os países desenvolvidos.
O real se desvalorizou 13 por cento em 2013, o pior desempenho entre as moedas de mercados emergentes acompanhadas pela Bloomberg depois da Argentina, da Indonésia, da África do Sul e da Turquia.
Neste ano até 31 de janeiro, a moeda se desvalorizou 2,1 por cento para 2,4128 por dólar americano.
Para conter a inflação, os responsáveis políticos brasileiros aumentaram as taxas de juros de referência em sete reuniões consecutivas para 10,5 por cento, o que por sua vez fortaleceu a demanda dos investidores pela dívida do País. Para a maioria dos investidores é mais fácil comprar a dívida no exterior do que no Brasil, disse o estrategista do Citigroup Inc. Kenneth Lam, em entrevista por telefone.
Em 31 de janeiro, a secretaria de imprensa do Ministério da Fazenda não quis comentar sobre o risco percebido na compra de dívida doméstica. Em 28 de janeiro, Mantega disse em uma entrevista que ele não via que o capital estivesse abandonando o País.
A volatilidade nos mercados emergentes poderia gerar preocupação em alguns investidores com que os responsáveis políticos implementem medidas que prejudicariam os detentores estrangeiros de títulos, disse Flávia Cattan-Naslausky, estrategista de mercados locais da RBS Securities Inc.
“Seria esperado que os títulos locais tivessem um rendimento ainda maior para fazer com que os investidores comprassem e assumissem esses riscos”, disse ela em resposta por e-mail a questões.