Ministro da Fazenda, Guido Mantega: "se o câmbio for muito longe, ele volta" disse, acrescentando que o câmbio no Brasil é flutuante para "os dois lados" (Jin Lee/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2013 às 22h08.
São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o mercado de câmbio está vivendo um momento de estresse, mas que a situação cambial está sob controle, e recomendou aos investidores a não fazerem grandes apostas contra o real.
O ministro reiterou, em breve entrevista nesta segunda-feira em São Paulo, que o Tesouro Nacional e o Banco Central estão prontos para agir e que têm mais instrumentos do que os que estão sendo usados para evitar grande volatilidade nos mercados.
Mantega disse que a alta do dólar não está restrita ao real e que está havendo uma migração em todos os mercados para a moeda norte-americana por conta da expectativa de mudança na política monetária dos Estados Unidos. Mas reconheceu que possa haver um componente de especulação e aconselhou investidores a não apostarem tanto contra o real porque poderão perder dinheiro no futuro.
"Se o câmbio for muito longe, ele volta" disse, acrescentando que o câmbio no Brasil é flutuante para "os dois lados".
O dólar encostou nesta segunda-feira em 2,42 reais, levando a uma disparada nos juros futuros. O Banco Central fez três leilões de swap cambial tradicional --que equivale a venda futura de dólar-- e anunciou mais dois leilões para terça-feira, sendo um no mercado à vista.
Para conter a queda nos preços dos papéis da dívida mobiliária federal interna no mercado secundário, o Tesouro Nacional fez leilão de recompra de papéis prefixados nesta segunda-feira.
"Estamos dando liquidez ao mercado", disse Mantega a jornalistas.
A alta do dólar tem gerado maior preocupação com a inflação, já que torna os produtos importados mais caros. E essa preocupação tem levado ao aumento dos juros no mercado futuro.
O ministro disse que o repasse da alta do dólar para os preços internos ainda não aconteceu e que o governo tem instrumentos para mitigar esse impacto.
"Não sabemos onde o câmbio vai parar. Alguma influência deve ter (na inflação), mas ainda não teve. Nós temos alguns antídotos, como a redução da tarifa de alguns insumos na lista de 100 produtos que subiram no ano passado", disse o ministro, em referência ao aumento do Imposto sobre Importações adotado no ano passado.
Também preocupa o mercado a política fiscal expansionista, que prejudica o combate à inflação. Mantega disse que a posição do governo federal é de "reforçar a parte fiscal e segurar os gastos", e que está monitorando Estados e municípios para eles também cumpram a meta fiscal neste ano.