Mantega mostrou preocupação com sinais da chegada da crise na China (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2011 às 14h13.
Campinas, São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reiterou hoje que as economistas dos países emergentes, principalmente as mais dinâmicas, ainda não foram afetadas pela crise econômica mundial. De acordo com ele, essas economias continuam apresentando taxas de crescimento maiores, tanto que a previsão dele para os emergentes nos próximos anos é de 6%, em média. No caso do Brasil, Mantega prevê uma taxa de crescimento média de 5% no período de 2012 a 2015.
Apesar de afirmar que as economias emergentes ainda não foram afetadas, o ministro disse que começa a se preocupar com alguns sinais, ainda que incipientes, de contágio dos emergentes pela crise mundial. "E isso me preocupa, já que há alguns sinais incipientes de que a China poderá ter alguma desaceleração. A economia chinesa se mostrou bastante sólida ao longo dos últimos 20 anos, só que agora começa a ter problemas sérios", disse o ministro durante aula inaugural da escola de pós-graduação da Faculdade de Campinas (Facamp). A preocupação de Mantega em relação à China reside na possibilidade de aquele país reduzir as suas importações. Ele ponderou, no entanto, que a desaceleração chinesa é um fenômeno recente.
No caso do Brasil, o ministro reafirmou que há necessidade de manter os fundamentos econômicos sólidos. Ele citou como exemplo o fortalecimento da política fiscal, que é onde outros países estão registrando problemas. "Aqui, nós implantamos uma política fiscal sólida. Nesse sentido, nós vínhamos perseguindo um superávit primário de 3%, aumentamos a meta com mais R$ 10 bilhões e fecharemos este ano superávit de 3,3% do PIB", disse o ministro ao acrescentar que 75% da meta para este ano já foi alcançada.
O ministro destacou também que o ajuste fiscal abre espaço para redução de taxa de juros no Brasil e lembrou que na última quarta-feira o Banco Central cortou a Selic em 0,50 ponto porcentual, para 11,50% ao ano. Ainda assim, segundo ele, a taxa de juros no Brasil é uma das maiores do mundo, o que oferece vantagens e desvantagens para as autoridades econômicas em relação a outras economias. A vantagem é que o Banco Central brasileiro tem espaço para cortar juros e a desvantagem é ainda termos juros elevados.
Segundo Mantega, a dívida brasileira em relação ao PIB tem diminuído, enquanto outros países têm aumentado. Ele lembrou que a dívida na proporção do PIB caiu de 40,2% no ano passado para cerca de 39% em 2011.