Economia

Mantega diz que país precisa de superávit de 2% a 2,5%

Sobre 2014, Mantega disse que é preciso esperar o desempenho do segundo semestre, que deve ser melhor e refletirá na arrecadação


	Guido Mantega: ministro criticou PSDB. Segundo ele, há gradualismo no discurso sobre ajuste fiscal
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Guido Mantega: ministro criticou PSDB. Segundo ele, há gradualismo no discurso sobre ajuste fiscal (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2014 às 17h37.

Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu nesta terça-feira, 7, a política fiscal do governo do PT.

Segundo ele, foi possível fazer superávits primários maiores quando a economia estava favorável, mas foi preciso graduar o superávit diante da crise econômica.

"Quando veio a crise tivemos que dar estímulo para que a economia não ficasse prostrada", justificou.

No entanto, admitiu que será preciso fazer um ajuste daqui para frente.

Segundo ele, o Brasil terá que perseguir uma economia de 2% a 2,5%, conforme previsto na proposta orçamentária de 2015.

"Se tiver um crescimento do PIB acima de 3%, faz mais que isso", disse.

Sobre 2014, Mantega disse que é preciso esperar o desempenho do segundo semestre, que deve ser melhor e refletirá na arrecadação.

Mantega lembrou que há receitas adicionais que vão entrar até o final do ano por conta dos dois Refis em andamento.

"Em novembro vamos saber quanto teremos de primário. Se vamos cumprir a meta. Até lá, o que temos que fazer é tentar fazer o melhor superávit possível. Por enquanto, é prematura a revisão da meta", afirmou.

O ministro criticou o PSDB. Segundo ele, há um gradualismo no discurso sobre o ajuste fiscal.

"Houve mudança. Estão dizendo agora que vão fazer o superávit de 3,1% do PIB ao longo dos anos. Tenho certeza que nossa política fiscal é diferente da oposição", alfinetou.

Custos de energia

Mantega também disse que o governo precisa fazer o possível para equilibrar a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). "Talvez fosse o ideal", afirmou.

Ele lembrou que o governo não fazia aportes no passado, mas que, com o aumento dos custos de energia, foi preciso encontrar uma solução.

O governo havia elevado sua projeção de aportes na CDE esse ano para R$ 13 bilhões, mas reduziu novamente para R$ 9 bilhões. O governo também intermediou um empréstimo privado.

Ele avaliou que a seca não deve continuar no ano que vem e vai entrar no mercado energia mais barata.

"Foi a equação que encontramos. Se não repassasse (o aumento do custo) para o consumidor, vocês iriam dizer que estamos represando. Ou uma coisa ou outra", disse. O governo foi acusado de segurar os preços em alguns setores o que poderia levar a um tarifaço no ano que vem.

Inflação

O ministro ressaltou ainda que o governo do PT nunca compactou com a inflação.

"Sempre fomos muito rigorosos com a inflação, porque o principal prejudicado é a população. Tanto é verdade que, este ano, estamos praticando política monetária bastante severa", afirmou.

Ele também fez, novamente, críticas à política econômica do PSDB.

Mantega disse que o governo nunca flertou com a inflação e não deixou que ela ultrapassasse o teto da meta.

"Só no primeiro ano do governo Lula que ultrapassou, mas vinha com a carona da inflação de 2002, de 12,5%". Fora isso, todos os anos cumprimos (a meta)", afirmou.

Para o ministro, é possível atingir uma inflação menor com taxa de juros razoável. Ele fez questão de ressaltar que o governo está praticando juro médio menor do que o dos governos FHC e Lula.

"Estamos fazendo taxa de juros de 11%. Se pegarmos os juros médios, foi menor que o período Lula e que no período FHC. Nós estamos praticando juro menor, embora a Selic tenha que se alterar em função da política monetária", afirmou.

"Uma pessoa física pagava cerca de 90% de juros em 2002 e hoje paga aproximadamente 30%", acrescentou.

Mantega disse que o combate à inflação tem que ser eficiente para não requerer juros tão elevados quanto no passado.

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