Guido Mantega: o ministro prometeu atuar para que a redução dos preços se aproxime do valor anunciado por Dilma Rousseff (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2013 às 22h22.
Brasília - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira que a isenção dos produtos da cesta básica do pagamento de tributos federais irá ajudar na "luta contra a inflação", e prometeu fazer novas desonerações para reduzir a carga tributária do país.
Em reunião com representantes do varejo e produtores de produtos alimentícios nesta segunda-feira, Mantega pediu para que o benefício fiscal seja repassado aos preços ao consumidor, para que seja captado no curto prazo pelos índices de inflação.
"É uma medida importante que beneficia a família de baixa e média renda e beneficia a luta contra a inflação que o governo vem travando. Temos certeza de que ela (inflação) vai permanecer sob controle", disse o ministro. "Esperamos que isso logo chegue aos índices de inflação", acrescentou.
O ministro evitou explicitar quanto a redução dos tributos da cesta básica reduzirá a inflação, mas nos bastidores o governo trabalha com um cenário de queda de 0,5 ponto percentual no IPCA, segundo disse à Reuters uma fonte do governo. No mercado, a estima é de um impacto menor na inflação.
A presidente Dilma Rousseff anunciou na sexta-feira à noite que a medida tem potencial de redução de preços de 9,25 a 12,5 por cento em alguns produtos, mas o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Teruó Yamada, disse que a primeira redução deve ficar entre 3 e 6 por cento e que em até duas semanas, pode chegar ao esperado pelo governo.
"Comunicamos o ministro que todo o setor está mobilizado para aplicar a desoneração", disse o executivo, após reunião com o ministro da Fazenda "Em duas semanas no mais tardar, vai se chegar nessa desoneração nas prateleiras praticamente no total", acrescentou .
"Mantega explicou que a diferença entre as reduções deve-se ao crédito tributário gerado por PIS/Cofins, o que, na prática, significa que o empresário paga um pouco menos de 9,25 por cento.
Vamos atuar para que o efeito da medida seja amplo para que a redução se aproxime do valor que foi anunciado pela presidente", afirmou o ministro, acrescentando que alguns repasses da medida já estão acontecendo.
A inflação oficial brasileira acumulada em 12 meses em fevereiro chegou a 6,31 por cento, bem próxima ao teto da meta de inflação, de 6,5 por cento, levando o mercado a apostar que o Banco Central irá elevar os juros ainda este semestre para controlar a escalada de preços.
Por outro lado, o governo tem adotado medidas como as desonerações tributárias e também a redução da conta de luz para tentar conter os preços.
"A desoneração vai continuar até chegarmos numa carga fiscal compatível com a competitividade do país", disse o ministro.
Segundo Mantega, a desoneração deverá totalizar 53 bilhões de reais neste ano, incluindo a folha de pagamento, a cesta básica, quedas de PIS/Cofins, entre outros.
A desoneração da cesta básica implica perda de 7,4 bilhões de reais em receita anual para o governo federal - somente em 2013, essa perda deve alcançar 5,54 bilhões de reais.
GARANTIAS?
Os empresários não deram garantias formais de redução dos preços. Apesar disso, o ministro disse que o governo verificará se haverá queda por meio do acompanhamento sistemático da Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), órgão do Ministério da Fazenda.
"Acredito que pela disposição do setor --todos falaram que vão repassar o mais rápido possível, alguns já no fim de semana-- (...) A redução de preços de alimentos já está acontecendo", afirmou.
Mais cedo, o Grupo Pão de Açúcar, maior varejista do país, anunciou que sua rede começou a aplicar já nesta segunda-feira a desoneração dos impostos sobre os itens de cesta básica, que passou a incluir três produtos de higiene pessoal.
*Matéria atualizada às 22h22