Guido Mantega: "nós temos de estar prontos para reagir e não deixar que a economia brasileira seja afetada" (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 25 de outubro de 2011 às 18h32.
Brasília – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartou hoje (25) que o Brasil possa comprar títulos da dívida de países europeus. Segundo ele, a solução para a crise econômica terá de vir de países do próprio continente.
“Acredito que os países europeus não precisam de ajuda no mercado de bônus”, disse o ministro. “Eles conseguirão apresentar soluções pelos próprios meios. Além do Banco Central Europeu, eles possuem um fundo de estabilização financeira e governos poderosos, principalmente da França e da Alemanha, que podem agir”.
De acordo com Mantega, uma eventual ajuda do Brasil ocorrerá apenas por meio de reforços ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Mesmo assim, o Brasil está disposto a participar de uma operação de socorro apenas se o Fundo não adiar o aumento as cotas dos países emergentes, previsto para o próximo ano.
O Brasil e outros países emergentes sugerem que o repasse de recursos seja feito por meio de acordos entre o FMI e cada país. Diversos países europeus, no entanto, defendem que o Brasil e outros países que emprestaram recursos para o Fundo em 2009 adiem a incorporação desse dinheiro às cotas do fundo, que ocorrerá em 2012. Isso obrigaria o Brasil, Japão, a Rússia, Índia, China, União Europeia, e os Estados Unidos a fazer novos aportes.
Em 2009, o Brasil se comprometeu a emprestar US$ 14 bilhões das reservas internacionais ao FMI, dos quais cerca de US$ 10 bilhões foram efetivamente repassados. Pelo acordo original, o país poderia usar esses recursos para aumentar a cota no FMI. Caso a proposta europeia seja aceita, o Brasil terá de desembolsar mais recursos além do previsto no próximo ano para ter mais poder no Fundo.
O ministro negou ainda que o governo pretenda mudar a forma de indexação da caderneta de poupança. Segundo ele, uma possível alteração no modelo de correção não passa de especulação. Atualmente, a poupança é corrigida pela Taxa Referencial (TR) mais 0,5% ao mês.