Economia

Mantega defende fundo para proteger América do Sul

Mantega mostrou-se mais propenso à criação de um fundo de maiores proporções, mas nos moldes do asiático

Guido Mantega: "nós temos de estar prontos para reagir e não deixar que a economia brasileira seja afetada" (Ueslei Marcelino/Reuters)

Guido Mantega: "nós temos de estar prontos para reagir e não deixar que a economia brasileira seja afetada" (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2011 às 22h43.

São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu hoje a criação de um fundo para proteger a América do Sul dos efeitos da crise internacional. Segundo ele, os ministros dos países da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que se reúnem nesta sexta-feira, pretendem reforçar o Fundo Latino-Americano de Reservas (FLAR) para compensar os países que têm desequilíbrios financeiros.

"Vamos conversar com os colegas sobre o ingresso de novos países ao FLAR, como o Brasil e a Argentina, para que aumente o poder de fogo do FLAR e possa proteger os países com recursos nossos, das nossas reservas", afirmou Mantega, ao desembarcar em Buenos Aires, onde será instalado o Conselho de Economia e Finanças da Unasul. O FLAR é composto por Bolívia, Colômbia, Peru, Costa Rica, Equador, Uruguai e Venezuela.

A iniciativa já havia sido antecipada à Agência Estado por técnicos do ministério de Economia da Argentina, mas Mantega que ir além do FLAR. "Também temos que pensar em uma coisa maior que o FLAR para de fato ter uma proteção financeira nos valores de pagamento dos países, algo como fizeram os asiáticos, onde todos os países fazem swap de moedas entre eles e dão aporte necessário", opinou Mantega.

"Podemos adotar o FLAR, que já existe, ou partir para algo mais ambicioso, mas acho que devemos começar pelo o que já existe, porque é mais rápido", disse ele. Técnicos do governo argentino disseram hoje que o FLAR poderia chegar a US$ 20 bilhões, mas Mantega considerou a cifra muito elevada. "Pelas regras hoje, é impossível colocar US$ 20 bilhões porque existem cotas dos países que chegam ao limite máximo de US$ 500 mil por país", analisou. A proposta dos países menores, segundo apurou a AE, é de que o Brasil e a Argentina aportem maiores volumes. O FLAR possui entre US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões, segundo estimativas de Mantega.

"Chegar a US$ 20 bilhões será difícil", destacou.

Mantega mostrou-se mais propenso à criação de um fundo de maiores proporções, mas nos moldes do asiático. "O mecanismo dos asiáticos é mais forte, superior a US$ 200 bilhões, mas ele foi constituído em 2010, depois da crise. Acho que nós não precisamos destas quantias, porque lá eles têm a China, Japão, Coreia. Acho que aqui, nossas necessidades são menores porque o conjunto de países também é menor. Então, precisamos olhar para as necessidades locais", detalhou.


"Devemos criar um fundo mais robusto (...) não é fácil criar um mecanismo financeiro, mas amanhã deveremos definir o protocolo de intenções para criar o mecanismo ou fortalecer o FLAR", comentou , deixando claro que o assunto ainda está sendo negociado. A diferença entre os dois mecanismos, conforme explicou Mantega, é que o latino funciona mais a partir de swaps de moeda, enquanto o latino é mais uma instituição que libera recursos de acordo com as condições estabelecidas.

Mantega disse que os ministros vão discutir sobre os dois modelos, "sem descartar que podemos fortalecer o que já existe e depois caminhar para um mecanismo mais robusto". Em sua avaliação, apesar de todos os países possuir cotas no Fundo Monetário Internacional, "o que é uma proteção para os países, precisamos ter um fundo regional porque a crise mostra que, de repente, podem surgir nuvens no céu azul e precisamos mais defesa. Então, é o momento de acelerarmos a criação de maiores defesas".

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEstados Unidos (EUA)Guido MantegaPaíses ricosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileiros

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto