A direção e os especialistas do Fundo "insistem em dar conselhos que ninguém solicitou" sobre os controles dos fluxos de capital que o Brasil pratica, critica Mantega (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de setembro de 2012 às 19h27.
Washington - O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, faz críticas ao Fundo Monetario Internacional (FMI), aos conselhos de seus dirigentes e à representação dos países europeus na instituição em um discurso que teve o texto antecipado nesta sexta-feira.
A direção e os especialistas do Fundo "insistem em dar conselhos que ninguém solicitou" sobre os controles dos fluxos de capital que o Brasil pratica, critica Mantega no discurso previsto este para sábado no Comitê Financeiro Internacional do FMI, e que foi publicado no site da instituição.
Os membros do Fundo ainda não completaram o processo de redistribuição de poder a partir das novas cotas acordadas em 2010, o que está prejudicando os países emergentes e deixa em dúvida a credibilidade do FMI, ataca Mantega.
"A resistência que alguns países estão demonstrando no momento de acatar os acordos a que chegamos (...) é profundamente prejudicial para esta instituição e para a própria credibilidade destes países".
Mantega não menciona no discurso para o Comitê (que define as orientações políticas do FMI) as negociações para aumentar o capital do Fundo, como deseja a diretora gerente Christine Lagarde, um debate que centraliza a reunião semestral do FMI em Washington.
O Brasil se recusa até o momento a comprometer-se com um valor para aumentar este capital e exige, como outros países emergentes, que os países europeus, afetados por uma crise, ofereçam mais soluções a seus problemas.
No duro discurso, Mantega retoma os argumentos que fizeram do Brasil um dos membros mais importantes do G20, o grupo de países ricos e emergentes.
"O FMI tem dado um forte respaldo às políticas monetárias em países avançados, incluindo as recentes medidas adotadas pelo Banco Central Europeu (BCE)".
"Mas tem sido mais resistente a apoiar as medidas defensivas que algumas economias emergentes se veem obrigadas a adotar em resposta ao impacto destas políticas".
O FMI aceitou uma reavaliação das cotas e da representação em seus órgãos de direção após a crise de 2008 e das contribuições extraordinárias feitas pelos países membros, recorda Mantega.
As reformas deveriam, a princípio, ser aplicadas até o fim do ano, e o tempo está acabando, advertiu Mantega.