Mantega explicou que a recuperação do dólar e da bolsa será rápida porque o Brasil tem "liquidez para enfrentar os movimentos" financeiros (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 29 de setembro de 2014 às 16h56.
São Paulo - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, atribuiu a turbulências externas a desvalorização do real e a queda da bolsa de São Paulo, e acrescentou que existe "especulação interna" relacionada às eleições do próximo domingo.
"Existe volatilidade no cenário internacional", disse Mantega durante uma entrevista coletiva na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta segunda-feira, dia em que o real começou desvalorizado em 1,37%, com o dólar cotado a R$ 2,47.
O ministro, que deixará o cargo mesmo se a presidente Dilma Rousseff for reeleita, explicou que essa volatilidade das moedas tem a ver com a expectativa sobre a taxa de juros do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) e acrescentou que o cenário brasileiro tem vinculação com "a situação na Escócia e na Ucrânia".
Mantega admitiu, no entanto, que a desvalorização do real e a queda da Bolsa de Valores das últimas semanas "pode estar vinculada à questão eleitoral".
"Alguns "players" do mercado usam a questão eleitoral para mobilizar o mercado, fazer especulação interna, mas é de pouca expressão. Quando se observa o quadro global, é de pouca expressão", disse o ministro.
Mantega explicou que a recuperação do dólar e da bolsa será rápida porque o Brasil tem "liquidez para enfrentar os movimentos" financeiros.
Segundo o ministro, os números de sua pasta indicam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país será de 0,9% em 2014, contra o previsto hoje pelo Banco Central, que rebaixou sua projeção a uma expansão de 0,7%.
"O segundo semestre será melhor e esperamos que a situação melhore ainda mais em 2015", considerou.
Em seu encontro com os empresários, Mantega anunciou que haverá um aumento de 0,3% para 3% do seguro de exportação Proex, uma isenção tributária que era reivindicada pela indústria para poder enfrentar a redução da demanda.
O presidente da Fiesp, Benjamin Steinbruch, destacou que o setor pediu incentivos de longo prazo ao governo e que compartilha a visão de Mantega em relação a "uma recuperação em 2015 ou já em dezembro".