Mantega: crescimento da economia e formalização da mão de obra elevam arrecadação (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2011 às 12h01.
São Paulo – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira (26), em reunião com empresários do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) no Palácio do Planalto, que o crescimento da arrecadação federal no primeiro semestre é uma ótima notícia.
“Ainda bem que tem aumento de arrecadação”, afirmou Mantega. “Isso acontece porque a economia está crescendo e há formalização da mão de obra no Brasil, e não porque houve aumento de tributos”, arrematou.
Independentemente do fato de que muitos empresários presentes à reunião torceram o nariz, devemos fazer algumas considerações.
1) Sim, ninguém, em sã consciência, torce para que a arrecadação de impostos despenque, o que geraria graves problemas fiscais;
2) Sim, é melhor debater um “problema" de excesso de arrecadação do que o pepino que está nas mãos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama;
3) Sim, é claro que o crescimento econômico impulsiona a arrecadação, o que não deixa de ser uma boa notícia sob esse ponto de vista;
Porém, simplesmente celebrar esses resultados sem colocar o dedo em algumas feridas é menosprezar o poder de análise dos brasileiros. Então vejamos:
1) A carga tributária brasileira é uma das maiores do mundo. Se vivemos tempos de bonança fiscal, por que não reduzi-la?
2) As empresas sofrem com o câmbio valorizado e com a elevada carga tributária. Se intervir no câmbio é um assunto tão delicado e difícil, por que não desonerar o setor produtivo já que a arrecadação supera as expectativas?
3) Se os serviços públicos essenciais, como saúde, educação e saneamento, continuam abaixo da crítica, por que o governo não canaliza esses “recursos extras” para resolver essas questões?
4) Se as denúncias de corrupção não cessam e o dinheiro público continua indo para o ralo, por que a sociedade brasileira deveria comemorar o aumento de arrecadação?
É inegável que a economia brasileira obteve enorme conquistas nos últimos anos, mas ainda estamos muito longe de encher os pulmões e, com orgulho, celebrar: “Ainda bem que cresceu a arrecadação”.