Economia

Mantega: afetados por crise, BRICs buscam entrosamento

Para o ministro, os emergentes vão buscar um entrosamento maior porque vão registrar expansão maior do que as economias desenvolvidas nos próximos anos


	"Embora alguns BRICs, que estavam crescendo com taxas muito elevadas, terão que se contentar com taxas um pouco menores, como a China e a Índia", apontou Mantega
 (Marcelo Spatafora)

"Embora alguns BRICs, que estavam crescendo com taxas muito elevadas, terão que se contentar com taxas um pouco menores, como a China e a Índia", apontou Mantega (Marcelo Spatafora)

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2012 às 06h44.

Tóquio - O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os países que formam o Grupo BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão sendo afetados pela desaceleração da economia mundial, cujo centro ocorre nos países avançados. "Isto reduziu o ritmo de crescimento de todos. Houve uma redução muito forte das trocas comerciais. Em 2012, está havendo um dos menores crescimentos do comércio internacional, que vai avançar menos de 3%", destacou.

De acordo com Mantega, os BRICs vão buscar um entrosamento maior porque vão registrar expansão maior do que as que serão registradas pelas economias desenvolvidas nos próximos anos. "Embora alguns BRICs, que estavam crescendo com taxas muito elevadas, terão que se contentar com taxas um pouco menores, como a China e a Índia", apontou.

No caso do Brasil, o ministro ressaltou que o nível de atividade está em aceleração e voltando a níveis mais favoráveis. "O Brasil teve uma desaceleração da sua economia no primeiro semestre deste ano. Estamos acelerando o crescimento no segundo semestre e voltando aos patamares de crescimento acima de 4%", afirmou.

Mantega apontou que, por causa da redução do ritmo de atividade dos países desenvolvidos e do comércio mundial, os BRICs precisarão "estimular o mercado interno", a fim de depender menos da Europa e dos EUA. "Temos que estabelecer sinergia no nível financeiro. E estamos avançando um programa de pool financeiro entre nós, no sentido de criarmos um fundo que poderá colocar recursos nos países que necessitarem", destacou.

"Estamos falando de um mecanismo que os asiáticos chamam acordo de Chiang Mai; é um acordo financeiro, no qual os países grandes da região colocam recursos virtuais. Eles só serão usados se houver necessidade e será uma espécie de retaguarda financeira para os países", disse Mantega.

"Estamos avançando na constituição desse mecanismo. Todos os países estão de acordo e estamos olhando os detalhes. E o melhor momento é agora, pois os BRICs não estão precisando dessa sustentação. É bom lembrar que os BRICs têm as maiores reservas internacionais."

De acordo com o ministro, não há uma data prevista para a entrada em vigor desse fundo, que poderá ganhar o formato de um tratado e precisará ser aprovado pelos Congressos dos países membros do BRICs.


"E nas próximas reuniões estaremos avançando sobre o tema", disse.

"Estamos avançando também com o banco de desenvolvimento chamado Sul-Sul. Esse seria o banco dos BRICs. Uma comissão está trabalhando com isso. Esse banco será importante para financiar investimentos, como infraestrutura entre os países", continuou. Segundo Mantega, os países combinaram fazer mais uma reunião no México em novembro.

Por causa da tensão geopolítica entre China e Japão, provocada por uma disputa territorial relacionada a ilhas nas vizinhanças dos dois países, muitas autoridades de Pequim não viajaram para Tóquio a fim de participar da reunião do FMI. "A China estava representada. Havia um vice-presidente do Banco do Povo da China que tinha autoridade para representar. A discussão avançou bastante", relatou Mantega.

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