Mantega: "Espero não ter que usar nem as políticas monetárias nem as políticas fiscais, mas se a economia não estiver tendo o desempenho esperado, nós poderemos usar" (Wilson Dias/ABr)
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2011 às 15h03.
Brasília - O governo poderá adotar medidas de estímulo fiscal no próximo ano se necessário para garantir um crescimento de 5 por cento, afirmou nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Segundo ele, a sólida posição fiscal do Brasil, aliada a taxas elevadas de juros e compulsórios, dão ao país condições para lidar com o cenário internacional adverso sem comprometer o crescimento.
"Espero não ter que usar nem as políticas monetárias nem as políticas fiscais, mas se a economia não estiver tendo o desempenho esperado, então nós poderemos usar, como já usamos no passado, de modo a alcançar a taxa de crescimento de 5 por cento no próximo ano", afirmou Mantega em teleconferência à imprensa estrangeira.
A estimativa de crescimento de 5 por cento no próximo ano é mais otimista que a dos analistas de mercado, que apontam para uma expansão de 3,9 por cento, segundo sondagem do Banco Central (Focus).
Dados do IBGE mostraram nesta sexta-feira que a economia desaqueceu no segundo trimestre, com crescimento de 0,8 por cento frente aos três meses anteriores, em linha com o esperado por analistas.
Mantega previu que o PIB crescerá no terceiro trimestre em ritmo próximo ao verificado no segundo, mas acelerará no final do ano, fechando 2011 com crescimento entre 4 e 4,5 por cento.
A atividade, segundo ele, será impulsionada pelas medidas de estímulo tributário à indústria anunciados este mês e também pelo corte de 0,5 ponto do juro promovido pelo Banco Central esta semana. A Selic menor terá efeitos diretos sobre o crescimento, reduzindo o custo do crédito, e também efeitos indiretos, com a desvalorização do real, disse o ministro.
Apesar do aceno a uma política fiscal pontencialmente mais frouxa no próximo ano, Mantega afirmou que o governo tem como meta o cumprimento de um superávit primário de 139,8 bilhões de reais em 2012, sem o abatimento de investimentos feitos no Programa de Aceleração do Crescimento.
Mais cedo, em entrevista a jornalistas locais, o ministro também havia afirmado que, em caso de crise, "nós temos que usar mais política monetária que política fiscal".
Na semana passada, o governo elevou a meta fiscal para este ano e afirmou que a medida abria espaço para um corte de juros, que acabou vindo já nesta quarta-feira, surpreendendo boa parte do mercado.
Projeto de lei orçamentária para o próximo ano deixou espaço para uma redução da meta fiscal em 2012, mas o governo já havia anunciado que a intenção era manter a política de responsabilidade fiscal de modo a pavimentar espaço para uma Selic mais próxima da adotada nos demais países.