Guido Mantega: o crescimento da economia brasileira nos últimos anos foi impulsionado pelo investimento e não só pelo consumo, segundo o Ministro (Marcelo Spatafora)
Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2012 às 12h24.
São Paulo – O consumo não está esgotado no Brasil, segundo o Ministro da Fazenda, Guido Mantega. O Ministro defendeu, no entanto, que os investimentos crescem mais rápido que o consumo e que são eles que puxam o crescimento do país. “Uma economia dinâmica é aquela que tem um investimento maior que o consumo e também um consumo dinâmico”, disse Mantega.
O crescimento dos últimos anos foi impulsionado pelo investimento e não só pelo consumo, segundo o Ministro. “O que mais cresceu foi a formação bruta de capital”, disse Mantega. Mas o crescimento do mercado consumidor brasileiro não está esgotado, de acordo com o Ministro. “Ainda temos segmentos da população com renda baixa que vão ascender para um segmento de renda maior. Aqueles que dizem que o consumo está esgotado no Brasil se equivocam”, disse Mantega durante sua apresentação no EXAME Fórum, realizado hoje, em São Paulo.
O Ministro afirmou que o mercado consumidor vai continuar se expandindo no Brasil nos próximos anos em decorrência da inclusão social e da geração de emprego. O governo acredita que 1,5 milhão de empregos serão gerados esse ano. “Estamos trabalhando com um dos menores níveis de desemprego da história do país”, disse.
O Brasil reúne condições para crescer nos próximos anos, segundo Mantega, e existe confiança no crescimento do país. Ontem, o governo reduziu para 2% a projeção de crescimento do PIB em 2012. A projeção de crescimento do PIB em 2012 foi reduzida em função do primeiro semestre, que veio abaixo do esperado, segundo Mantega.
A retomada do crescimento está sendo mais demorada, mas é uma realidade, segundo Mantega. “No segundo trimestre de 2012 chegamos ao patamar mais baixo de crescimento e agora estamos em aceleração”, disse Mantega. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do PIB, subiu 0,42% em julho frente a junho, de acordo com dados dessazonalizados, segundo o BC.
O ministro afirmou que a inflação está sobre controle. “Estamos na vigência de um choque de oferta por causa da seca americana, no caso dos grãos, e mesmo assim isso é administrável”, disse. Mantega afirmou que ainda entrarão em cena as desonerações, que devem diminuir os preços de alguns produtos, assim como outras medidas de estímulo. O Ministro espera um ritmo de crescimento de 4% no final do ano.
Cenário internacional
“A impressão que eu tenho é que os países avançados não sairão tão cedo dessa crise, eles continuarão apresentando baixo crescimento ao longo de vários anos e contração no mercado consumidor mundial”, disse Mantega.
Para o Ministro, as políticas nos países europeus, principalmente, tem se caracterizado pelo “too little, too late” (muito pouco, muito tarde). “Continuarão batendo cabeça e teremos uma crise de longo prazo”, disse.
A crise afetou os países emergentes, segundo Mantega. “Embora ela pareça menos severa que a de 2008/2009, ela é mais prolongada e já apresenta prejuízos para a economia tão altos como os daquele momento”, disse Mantega. Para o ministro, a crise afeta em maior grau os países que dependem mais dos mercados de países desenvolvidos. O ministro destacou que o Brasil é um dos que tem menor dependência.
Desonerações
Ontem, o Ministro anunciou mais uma etapa na desoneração da folha de pagamentos. “Hoje o custo da mão de obra em vários países está caindo por causa da crise e vem subindo no Brasil por causa de uma virtude, o pleno emprego, o nível de atividade mais elevado”, disse Mantega. Para 2013 estão previstos 13 bilhões de reais em desonerações desse tipo. Em 2012, o total de desonerações realizadas chegará a 44 bilhões de reais, 1% do PIB brasileiro, segundo o Ministro.
Nessa semana o governo anunciou a redução das tarifas de energia elétrica. Mantega lembrou do lançamento de planos de concessões de alguns aeroportos e de ferrovias e rodovias. Novas concessões no setor de aeroportos serão feitas, segundo o governo.