Economia

Mantega prevê crescimento mais forte no segundo semestre

“As importações comeram uma parte do nosso crescimento, levaram para fora”, disse Mantega, defendendo medidas de proteção à indústria nacional

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou sobre o PIB do primeiro trimestre (Ueslei Marcelino/Reuters)

Ministro da Fazenda, Guido Mantega, falou sobre o PIB do primeiro trimestre (Ueslei Marcelino/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2012 às 12h38.

São Paulo – O crescimento de 0,2% no PIB nesse trimestre em relação ao anterior foi estável, segundo o Ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mas a expectativa do governo para o segundo semestre voltou a ser mais alta.

“No segundo semestre o país poderá atingir o nível de crescimento de 4,5%, previsto, que não conseguimos atingir no primeiro”, disse Mantega. No segundo semestre, todas as medidas de estímulo devem estar fazendo efeito, segundo o ministro.

Já no segundo trimestre será possível ver um crescimento maior que o do primeiro, segundo o Ministro. “Estamos acelerando o crescimento, esse primeiro trimestre ficou para trás”, disse Mantega. A partir de maio o nível de atividade econômica no Brasil está acelerando. As vendas de veículos em maio em relação a abril cresceram 12,08% (dados preliminares), o que demostra resultado das medidas de estímulo ao setor automobilístico, segundo o Ministro.

 “A partir do segundo trimestre já podemos perceber a eficácia da redução da taxa de juros”, exemplificou. Além disso, Mantega citou o câmbio, mais favorável à produção nacional, e o impacto das medidas do programa Brasil Maior.

 “Muitas medidas já foram tomadas mas nem todas surtiram efeito”, disse Mantega sobre as medidas de estímulo à economia adotadas recentemente pelo governo. “É mais necessário continuar com as medidas de estímulo monetário, porque ainda temos taxas de juros altas e falta de crédito, que é uma das razões da nossa desaceleração no ano passado e no início desse”, afirmou. O ministro voltou a afirmar que se os bancos privados não fizerem as reduções de spreads, os públicos farão. “A redução desse spread será um impulso importante (...) As taxas de juros médias vão continuar caindo no país e eu garanto isso”, disse.

Protecionimo

“O governo brasileiro não tomou nenhuma medida protecionista, foram medidas de defesa”, afirmou Mantega. O ministro defendeu a adoção de medidas de defesa comercial – como a elevação de IPI para alguns produtos anunciada ontem. “As importações comeram uma parte do nosso crescimento, levaram para fora”, disse Mantega. O ministro afirmou que cerca de 30% do crescimento do trimestre vazou para o exterior, “o que demonstra a necessidade de continuarmos com medidas de defesa comercial, de modo que o nosso mercado estimule a nossa produção”, defendeu o Ministro.


Entre as medidas de estímulo há também a desoneração na folha de pagamento de 15 setores – que vai entrar em vigor em julho. O governo já estuda novos setores que poderão ser incluídos, o que ocorrerá nos próximos meses. “Novos incentivos tributários serão dados sim, especialmente para a indústria”, disse Mantega.

O aumento dos investimentos depende da confiança dos empresários, segundo o Ministro. Os estímulos para investimento são grandes e o investimento vai se recuperar a partir do segundo semestre, segundo Mantega.“O governo vai se empenhar para que o investimento retome e ganhe velocidade, como foi em 2010, quando o investimento no Brasil cresceu mais de 20%”, disse.

O governo não vê necessidade de afrouxar a meta fiscal para estimular a economia, segundo Mantega. “Temos recursos suficientes para fazer desonerações e dar estímulos sem mudar a meta fiscal”, disse.

Crise internacional

O crescimento modesto das exportações brasileiras no primeiro trimestre reflete a crise internacional, segundo Mantega. O ministro destacou o cenário de desaceleração em alguns países. “Estamos diante de uma desaceleração de todos os países no mundo. Os europeus estão próximos de recessão. Mesmo EUA mostram pouco dinamismo. O mais preocupante, uma desaceleração nas economias chinesa e indiana e dos demais BRICs”.

PIB

O PIB brasileiro cresceu 0,2% no primeiro trimestre de 2012, em relação ao último trimestre de 2011, de acordo com os dados divulgados hoje pelo IBGE. O crescimento foi de 0,8% na comparação com o mesmo período do ano passado. Brasil teve o menor crescimento entre países do BRIC.

Segundo o IBGE, o maior destaque desse resultado do PIB foi a indústria, que cresceu 1,7%. “Considero isso uma excelente conquista, porque é o primeiro resultado positivo após três resultados negativos”, disse Mantega.

O setor de serviços foi o segundo que mais cresceu, com aumento de 0,6%. “Só não cresceu mais porque a intermediação financeira (lucro dos bancos, financiamentos) teve crescimento negativo”, disse Mantega. O ministro afirmou que o país está dando os primeiros passos para fortalecer esse indicador.


O ministro destacou os resultados do consumo das famílias e da administração pública. “O consumo da administração pública e o das famílias estão estimulando um crescimento maior da economia, e, se seguirem nesse ritmo, devem proporcionar um PIB maior”, disse Mantega.

A agropecuária caiu 7,3% no período. “O PIB só não foi maior porque a agricultura teve fraco desempenho no primeiro trimestre”, disse Mantega.  O setor enfrentou problemas sazonais em algumas safras, segundo o Ministro. 

O ministro destacou que mesmo com o crescimento do PIB de 0,2%, o emprego foi muito bem no Brasil. “O que mostra o dinamismo da indústria, especialmente a construção civil, e os serviços, que continuam indo bem e empregando mão de obra. Esse é um dos melhores resultados do mundo em termos de geração de emprego e um excelente indicador econômico”, disse.

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