Economia

Manifestações de 7 de setembro serão termômetro do time de Guedes

Se o resultado for um aumento ainda maior da tensão e uma piora do clima belicoso entre os Poderes, não haverá clima para praticamente nenhuma proposta caminhar

 (Adriano Machado/Reuters)

(Adriano Machado/Reuters)

B

Bloomberg

Publicado em 27 de agosto de 2021 às 21h06.

As manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro prometidas para o 7 de setembro estão sendo consideradas um termômetro para a equipe econômica sobre o andamento da agenda da pasta. Se o resultado for um aumento ainda maior da tensão e uma piora do clima belicoso entre os Poderes, não haverá clima para praticamente nenhuma proposta caminhar. Já se a situação se acalmar, diz um integrante da pasta, será possível buscar soluções racionais.

Autoridades que trabalharam para baixar a temperatura da crise, como o presidente da Câmara, Arthur Lira, têm dito nos bastidores que está cansativo construir pontes quando o presidente ateia fogo nelas logo em seguida.

  • Entenda como as decisões do Planalto, da Câmara e do Senado afetam seus investimentos. Assine a EXAME

Alerta

A solução para a questão dos precatórios via Justiça e sem necessidade de uma emenda constitucional pode ajudar a resolver um outro problema para a equipe econômica. O ministro da Economia, Paulo Guedes, foi alertado desde o princípio por auxiliares de que não seria boa ideia colocar na PEC dos precatórios a criação de um fundo com recursos da venda de estatais.

Batizado de Fundo de Liquidação de Passivos da União, ele prevê que recursos decorrentes de privatizações sejam usados para antecipar a quitação de precatórios, sendo que esses pagamentos ficariam fora do teto de gastos da União. A ideia é a principal fonte de preocupação do mercado financeiro com o compromisso fiscal do governo. O ministro ouviu que o Fundo poderia deixar a PEC mais vulnerável, especialmente no atual momento político. E foi o que aconteceu.

Lugar ruim

Diante do naufrágio quase certo da reforma do Imposto de Renda, assessores do ministro Paulo Guedes querem que o governo se volte novamente para a reforma do PIS/Cofins, mais efetiva para reduzir custos das empresas e melhorar o ambiente de negócios no país.

A avaliação agora é que a decisão de tributar dividendos, embora acertada, foi precipitada e tomada num momento político desfavorável. As mudanças no IR tiveram impacto até sobre empresas de menor porte e pessoas físicas, precisando sofrer tantos ajustes que a proposta ficou desvirtuada e criou desigualdades. Um integrante da pasta afirma que, se chegar a algum lugar, a reforma do IR chegará a um lugar ruim.

Sem redes sociais

Pouco afeito a redes sociais, ao contrário de boa parte de Brasília, Guedes prefere ficar de olho na forma como a mídia convencional trata a agenda econômica. A interlocutores, o ministro tem dito que ficar fazendo posts não vai ajudar a convencer o Congresso e nem o mercado a comprarem o peixe do governo. Para ele, ganhar a briga significa convencer grandes veículos de que a economia está em franca retomada.

Juros, dólar, inflação, BC, Selic. Entenda todos os termos da economia e como eles afetam o seu bolso. Assine a EXAME.

_____________________________________________________________

Toda semana tem um novo episódio do podcast EXAME Política. Disponível abaixo ou nas plataformas de áudio SpotifyDeezerGoogle Podcasts e Apple Podcasts
Acompanhe tudo sobre:economia-brasileiraFeriadosGoverno BolsonaroMinistério da EconomiaPaulo GuedesProtestosProtestos no Brasil

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto