Economia

Ipea: Mais pobres sentem quase dobro de inflação em relação a mais ricos

Na passagem de abril para maio, o indicador da pressão inflacionária por faixa de renda registrou aceleração maior a famílias com renda domiciliar inferior 1.650,50 reais

Ipea: para as famílias mais pobres, a variação dos preços passou de um aumento de 0,45% em abril para 0,92% em maio (Mauro Pimentel / AFP/Getty Images)

Ipea: para as famílias mais pobres, a variação dos preços passou de um aumento de 0,45% em abril para 0,92% em maio (Mauro Pimentel / AFP/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de junho de 2021 às 12h25.

Última atualização em 14 de junho de 2021 às 15h12.

A alta nos preços de bens e serviços monitorados pelo governo, como energia elétrica, gás, combustíveis e medicamentos, fez a inflação dos brasileiros mais pobres encerrar o mês de maio quase duas vezes maior que a dos mais ricos, segundo dados divulgados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

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O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda registrou uma aceleração da pressão inflacionária na passagem de abril para maio em todas as faixas de renda. No entanto, a pressão foi maior entre as famílias mais pobres, com renda domiciliar inferior a 1.650,50 reais: a variação dos preços passou de 0,45% em abril para 0,92% em maio.

Entre as famílias de renda mais alta, que recebem mais de 16.509,66 reais mensais, a inflação saiu de 0,23% em abril para 0,49% em maio. Entre os de renda média alta, com rendimento domiciliar mensal entre 8.254,83 reais e 16.509,66 reais, a inflação acelerou de 0,20% para 0,75% no período.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, encerrou o mês de maio com avanço de 0,83%, ante uma elevação de 0,31% em abril.

Os reajustes na energia elétrica (5,4%), tarifa de água e esgoto (1,6%), gás de botijão (1,2%) e gás encanado (4,6%) pressionaram especialmente o orçamento das famílias mais pobres. O avanço nos custos da habitação gerou uma contribuição de 0,42 ponto percentual para a inflação da mais baixa renda, o equivalente a 46% de todo o aumento de preços percebido por esse segmento de renda em maio.

Também houve pressão dos aumentos da gasolina (2,9%), etanol (12 9%) e gás veicular (23,8%). Porém, entre as famílias mais ricas, o impacto dos reajustes dos combustíveis foi atenuado pela queda de 28,3% no preço das passagens aéreas.

"Ainda que em menor intensidade, o grupo saúde e cuidados pessoais também exerceu uma influência positiva sobre a inflação em maio. Se, para as famílias de renda mais baixa, a alta de 1,3% dos medicamentos foi o principal ponto de pressão, para as classes mais ricas esse papel coube ao reajuste de 0,67% do plano de saúde", apontou a técnica do Ipea Maria Andréia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura divulgada nesta segunda-feira, 14.

A inflação acumulada em 12 meses até maio foi de 8,91% para as famílias mais pobres, patamar bem acima dos 6,33% observados no segmento mais rico da população.

O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA. Os grupos vão desde uma renda familiar de até 1.650,50 reais por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de 16.509,66 reais, no caso da renda mais alta.

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