Economia

Governo estuda reduzir PIS/Cofins para aliviar preço da gasolina

O presidente da Câmara dos Deputados afirmou que pretende estudar medida para reduzir o PIS/Cofins da gasolina, assim como foi feito com o óleo diesel

Maia: apesar das medidas, a paralisação dos caminhoneiros entrou no terceiro dia nesta quarta (23) (Cristiano Mariz/VEJA)

Maia: apesar das medidas, a paralisação dos caminhoneiros entrou no terceiro dia nesta quarta (23) (Cristiano Mariz/VEJA)

R

Reuters

Publicado em 23 de maio de 2018 às 12h30.

Última atualização em 23 de maio de 2018 às 17h45.

Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reiterou nesta quarta-feira que uma redução do PIS/Cofins sobre o diesel será incluído no texto da reoneração da folha de pagamento e defendeu que seja discutida em breve uma solução para os aumentos da gasolina e do gás de cozinha, possivelmente na medida provisória que extingue o Fundo Soberano.

Maia afirmou que o projeto de lei de reoneração da folha será votada na Câmara na próxima terça-feira e assegurou que a medida será aprovada, embora tenha reconhecido que o texto que terá o aval dos parlamentares poderá não ser o desejado pelo governo do presidente Michel Temer.

"Nós vamos incluir, sim, um percentual transitório do PIS/Cofins até o final do ano para que a gente possa dar a nossa contribuição nessa crise", disse Maia a jornalistas após participar da marcha dos prefeitos em Brasília, acrescentando que o relator da reoneração, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), está estudando o tema para que "a gente não faça nada que também seja uma decisão irresponsável".

"O diesel a gente está resolvendo e vamos ver se nesse projeto ou de repente no projeto do Fundo Soberano a gente discute a questão da gasolina e também do gás de cozinha. Acho até mais importante discutir o gás de cozinha que aumentou muito", disse.

A possível redução do PIS/Cofins sobre o diesel se soma ao anúncio feito pelo governo na véspera de que fechou um acordo com o Congresso para usar os recursos obtidos com a reoneração da folha de pagamento de alguns setores da economia para zerar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre o diesel, em meio a protestos de caminhoneiros em todo o país contra a alta no preço do combustível.

Uma fonte da equipe econômica disse à Reuters nesta quarta-feira que o governo negocia a medida com o Congresso, mas ressaltou que qualquer corte nas alíquotas de PIS/Cofins só sairá do papel se a perda de arrecadação for totalmente compensada por reonerações da folha de pagamento.

Segundo a fonte, possíveis setores estão sendo avaliados para serem reonerados e, desta forma, definir de quanto poderia ser a queda de PIS/Cofins. "Se não tiver reoneração, não pode ter queda de Cide e PIS/Cofins devido à LRF", afirmou a fonte, referindo-se à Lei de Responsabilidade Fiscal.

Ao comentar a proposta de reoneração nesta quarta, Maia também defendeu cautela com o projeto, afirmando que setores intensivos em mão de obra não podem ser reonerados neste momento.

"Também temos que entender que o Brasil vive uma crise de desemprego então não dá para você tirar a desoneração de setores que são mais intensivos de mão de obra", disse o presidente da Câmara, que também é pré-candidato à Presidência pelo DEM.

Ele disse ainda que o governo federal tem obrigação de usar o excesso de arrecadação anunciado na véspera para compensar a alta nos combustíveis e no gás de cozinha, ao mesmo tempo que se colocou contra uma eventual mudança na política de preços da Petrobras e a um eventual congelamento dos preços.

"Eu acredito que o governo federal com aumento da arrecadação ele tem condições e tem obrigação de arbitrar soluções para criar um colchão neste momento de transição", disse.

Apesar das medidas anunciadas, a paralisação dos caminhoneiros entrou no terceiro dia nesta quarta-feira, ameaçando o abastecimento de combustíveis em postos e aeroportos, e levando até mesmo à reguladora do setor de petróleo, a ANP, a flexibilizar a mistura de biodiesel para grandes consumidores no Rio de Janeiro. [L2N1SU0E8]

A redução de PIS/Cofins era uma demanda da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), que representa mais de 40 mil postos no Brasil.

De acordo com Paulo Miranda Soares, presidente da Fecombustíveis, o setor defende que os valores do PIS/Cofins voltem ao que eram antes de uma forte elevação em meados do ano passado. Naquela oportunidade, em busca de melhorar suas contas, o governo subiu de 0,3816 real para 0,7925 real/litro o valor do tributo sobre a gasolina e de 0,2480 real para 0,4615 real a taxa sobre o litro do diesel.

A paralisação dos caminhoneiros, iniciada na segunda-feira, provocou transtornos e prejuízos na produção de carnes de aves e suína e de automóveis no país, de acordo com empresas. Para o governo, os impactos são pontuais, mas já afetam liberação de cargas de querosene de aviação, por exemplo.

Acompanhe tudo sobre:CombustíveisGasolinaÓleo dieselPreçosRodrigo Maia

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto